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Brumadinho: 'Sem resposta', diz tia de 'joia' ainda sumida após 4 anos

Familiares das "joias" de Brumadinho aguardam por respostas quatro anos após rompimento de barragem da mina do Córrego do Feijão - Arquivo pessoal
Familiares das 'joias' de Brumadinho aguardam por respostas quatro anos após rompimento de barragem da mina do Córrego do Feijão Imagem: Arquivo pessoal

Do UOL, em São Paulo

25/01/2023 13h15

Quatro anos após a tragédia de Brumadinho, as famílias de três pessoas que desapareceram após o rompimento da barragem da mina do Córrego do Feijão continuam esperando que os corpos das vítimas sejam encontrados.

"A gente fica naquela dor da saudade. Tentando ter esperança dela ser encontrada, ou de algo que a representa ser encontrado. São quatro anos de impunidade", diz, em entrevista ao UOL, Telma Oliveira de França, prima de Nathalia de Oliveira Porto Araújo, estagiária da Vale que tinha 25 anos no momento do desastre.

Telma explica que a incerteza do paradeiro de Nathalia, assim como o silêncio da mineradora Vale molda a rotina das famílias.

"A gente tinha muita alegria, fazia festa, comemorava aniversários e tudo. Hoje é aquela tristeza. Você faz uma festinha e, em pouco tempo, está todo mundo chorando, todo mundo lembrando da Nathalia, perguntando onde está o corpo dela", afirma.

Nathalia deixou dois filhos e estava no refeitório da Vale no momento do rompimento da barragem. Segundo o marido, o GPS do seu smartphone apontava para uma região na Cachoeira das Ostras, mas as buscas acabaram sendo infrutíferas. Agora, os familiares esperam encontrar pelo menos parte do corpo que confirme a identidade da jovem para poder enterrá-la e prestar as últimas homenagens.

Nathalia, 25, é uma das três joias que continuava desaparecida quatro anos após rompimento da barragem de Brumadinho - Acervo familiar - Acervo familiar
Nathalia, 25, é uma das três joias que continuava desaparecida quatro anos após rompimento da barragem de Brumadinho
Imagem: Acervo familiar

"A cada dia que passa perdemos um pouco a esperança, mas devemos confiar que alguma coisa dela seja encontrada, para fazermos aquela homenagem e dar aquele enterro digno que ela merecia. Ela foi trabalhar e passaram quatro anos sem dar resposta, sem resposta da Vale para nós, de onde está a Nathalia e as outras duas pessoas desaparecidas", conta.

Ao todo, 270 pessoas morreram no rompimento da barragem e 267 foram identificadas pelos bombeiros, que continuam a procurar Nathalia e mais duas pessoas na maior operação de resgate do Brasil. As vítimas, ainda não encontradas, são chamadas de 'joias' pelas autoridades.

A última vítima da tragédia identificada foi Cristiane Antunes Campos, que tinha 35 anos à época dos fatos, era supervisora de mina e natural de Belo Horizonte. Sua identificação foi confirmada pela Polícia Civil do estado em 20 de dezembro de 2022.

Confira quem são os desaparecidos:

  • Tiago Tadeu Mendes da Silva

Tiago Tadeu Mendes da Silva - Reprodução/Facebook - Reprodução/Facebook
Tiago Tadeu Mendes da Silva
Imagem: Reprodução/Facebook

Tiago tinha 34 anos e trabalhava como mecânico industrial na Vale.

Ele estava no refeitório da mina no momento em que barragem se rompeu, de acordo com parentes, e deixou dois filhos pequenos.

  • Maria de Lurdes da Costa Bueno

Maria de Lurdes da Costa Bueno - Reprodução/Facebook - Reprodução/Facebook
Maria de Lurdes da Costa Bueno
Imagem: Reprodução/Facebook

Moradora de São José do Rio Pardo (SP), Maria de Lurdes da Costa Bueno, 59, passava as férias com a família na Pousada Nova Estância.

O imóvel acabou soterrado pela lama após barragem da Vale romper, em janeiro de 2019. Ela não foi mais vista desde então.

Relembre o caso

A tragédia em Brumadinho foi registrada na tarde de 25 de janeiro de 2019 após o rompimento de uma barragem de rejeitos da empresa mineradora Vale, que ainda atingiu outras duas estruturas da empresa, a cerca de 60 km de Belo Horizonte.

A lama atingiu a área administrativa da mina, onde estava a maioria das vítimas (funcionários da Vale e de empresas terceirizadas), além de uma pousada, propriedades rurais e casas de moradores.

O rompimento aconteceu na região do córrego do Feijão, que deságua no rio Paraopeba, três anos e dois meses após o rompimento de uma barragem da Samarco em um distrito de Mariana, também em Minas Gerais. A Vale é uma das controladoras da Samarco. 19 pessoas morreram na ocasião e milhares perderam as casas em função do vazamento de 40 bilhões de litros de lama.

Segundo o site da mineradora Vale, a barragem principal que rompeu em Brumadinho tinha capacidade de 12,7 milhões de metros cúbicos. Para efeito de comparação, a barragem da Samarco, operada pela Vale com a australiana BHP, tinha 50 milhões de metros cúbicos de rejeitos.