Pai de aluna da UFPI morta após estupro: 'cheia de hematoma'
O pai da estudante de jornalismo Janaina da Silva Bezerra, 21, disse que foi ao hospital no sábado (28) ao saber que a filha havia sido levada à unidade de saúde e pensou que ela teria desmaiado, mas, a encontrou morta, "cheia de hematoma" e "toda ensanguentada" no hospital.
A jovem foi morta anteontem (28), em Teresina (PI), após ser estuprada e ter tido o pescoço quebrado, segundo a polícia. O crime ocorreu durante uma calourada em um prédio da UFPI (Universidade Federal do Piauí), onde a jovem estudava.
O suspeito de matar Janaina é Thiago Mayson da Silva Barbosa, 29, estudante do mestrado em matemática da UFPI. Preso no sábado em flagrante, ele foi ouvido em audiência de custódia no domingo e a prisão foi convertida em preventiva (por tempo indeterminado). O UOL não conseguiu falar com o representante legal do mestrando, que não foi identificada nos autos.
"Soube através de uma colega dela [sobre a morte]. A [informação] inicial foi que as coleguinhas saíram e convidaram ela para sair e, na hora que acabou o baile, ela foi embora e deixou ela [Janaina]. Não sei com quem ela ficou lá. A mãe dela que recebeu a notícia de manhã, eu não estava em casa. Eu me senti muito mal. Fui para o hospital pensando que a menina tinha desmaiado, caído, a menina estava morta", disse o mecânico Adão Bezerra do Nascimento, pai de Janaina, à TV Clube, afiliada da TV Globo
Ainda no sábado (28), ele disse à página do Facebook RP50 que encontrou a filha "cheia de hematoma" na unidade de saúde.
"Saiu de casa por volta das 23h de sexta-feira (27) após uma colega chamá-la. Já soube hoje de manhã [sábado, da morte dela]. Estava esperando ela chegar, quando chegou essa notícia lá. Ela estava cheia de hematoma, toda ensanguentada, cortaram a roupa dela."
Adão Bezerra do Nascimento, pai de Janaina
Maria do Socorro Nunes disse à OAB-PI (Ordem dos Advogados do Brasil, Seccional Piauí) que acha que mais de uma pessoa praticou o crime. A seccional anunciou em seu site que prestará assessoria jurídica gratuita à família.
"Minha filha já estava morta quando chegou no hospital, ela estava sem pulso. Eram dois homens, não era só um, por que não aparece o outro? Cadê o outro? Não foi só um, porque só um não dá pra fazer aquele estrago. Queremos justiça, ele não pode ficar solto."
Jorge Luiz Bezerra do Nascimento, tio de Janaina, afirmou à emissora que nunca imaginou que algo ruim fosse acontecer com a sobrinha.
"Era tão dedicada com as coisas dela, de ir para o colégio dela, não era nem de sair de casa. Se ela tava saindo, é porque tinha esses eventos da universidade e acho que o grupo da turma ia pra se juntar. Sempre que ela vinha da faculdade, os pais dela iam buscá-la na parada de ônibus. Uma pessoa pobre, em uma universidade federal, que passou entre os cinco primeiros para jornalismo, uma área muito concorrida. Esse cara parou o caminho dela, finalizou a vida dela e a situação que ela pretendia de ajudar os pais."
Já Silvia Gomes, tia da vítima, relembrou que a jovem dizia querer ajudar a família. No começo da faculdade, Janaina vendeu bolos de pote, com a ajuda da mãe e da família, para comprar um computador para estudar.
"Janaina era nossa amiga, a gente conversava muito. Nós estamos muito arrasados. Quando a gente chegar em casa eu não sei o que vai acontecer, a gente era muito apegado, muito unidas. Às vezes, a gente deitava na cama e ela dizia 'tia, eu quero crescer, eu quero ajudar a minha família, a minha tá vendendo dindin [sacolé ou geladinho], está vendendo bolo no pote para eu crescer, e eu vou ajudar os meus pais."
O crime
Um laudo do IML (Instituto de Medicina Legal) do Piauí apontou indícios de violência sexual contra Janaina. O diretor do Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP), Francisco Baretta, afirmou que houve estupro.
A causa da morte foi "trauma raquimedular [lesão na medula] por ação contundente". A lesão pode ter sido causada por pancada, que teria torcido ou traumatizado a coluna vertebral, conforme a médica legista.
Uma das possibilidades investigadas é a ação das mãos no pescoço da vítima "com intuito de matar ou fazer asfixia, queda, luta".
Juíza disse que há fortes indícios de autoria do crime
A Justiça acatou pedido do Ministério Público para converter a prisão em flagrante em preventiva, quando o suspeito fica detido por tempo indeterminado.
A vítima passou as últimas horas de vida com o custodiado, chegou ao Hospital do Bairro Primavera sem vida e com suspeita de violência, apresentando lesões no rosto e nos olhos e sangue nas partes íntimas, sendo levada pelo próprio custodiado [à unidade de saúde]. (...) Há provas suficientes da materialidade e, ainda, fortes indícios da autoria do fato.
Haydée Lima de Castelo Branco, juíza, em decisão durante audiência de custódia
"Em que pese o autuado não possuir antecedentes criminais, não se pode olvidar que os delitos são de especial gravidade concreta, inclusive, perpetrados com violência física contra a vítima na condição de sexo feminino", concluiu.
Suspeito alega sexo 'consensual'
A defesa do suspeito pediu sua liberdade provisória, alegando colaboração com a polícia. O UOL não conseguiu falar com o representante legal do mestrando, que não foi identificada nos autos.
Em depoimento à Polícia Civil, o suspeito afirmou que conhecia a vítima e que eles teriam "ficado" em outras ocasiões. Na calourada da UFPI, ainda de acordo com o depoimento do suspeito, ele teria convidado a jovem para ir a um corredor e, em seguida, teriam ido a uma das salas de aula onde "praticaram sexo consensual e que, após a prática sexual, a vítima teria ficado desacordada".
Ele alega que permaneceu ao lado da vítima durante a madrugada e solicitou socorro à segurança da universidade pela manhã. A vítima foi conduzida ao Hospital da Primavera, onde foi constatada sua morte.
Segundo o DHPP (Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa), o inquérito policial será concluído em até dez dias.
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