Mais suspeitos, colchão e sangue: polícia investiga morte de aluna da UFPI
A Polícia Civil do Piauí vai investigar se houve a participação de mais suspeitos nos crimes de feminicídio e estupro contra a estudante Janaína da Silva Bezerra, 21, da Universidade Federal do Piauí.
A aluna do curso de jornalismo foi violentada sexualmente e morta em um dos prédios da instituição durante uma festa universitária no sábado (28).
Além da eventual participação de mais envolvidos no crime, o delegado Francisco Costa Baretta, do DHPP (Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa), afirmou que a polícia vai apurar como se deu a organização da festa e a presença um colchão com sangue na sala onde ocorreu o crime.
A linha de investigação está definida, construímos uma cadeia de evidências provando que houve um crime e quem o cometeu. Pedimos uma série de documentos que comprovaram as lesões que a moça sofreu."
Francisco Costa Baretta, delegado
O suspeito Thiago Mayson Barbosa, 29, é estudante do mestrado em matemática da UFPI. Preso em flagrante, ele foi ouvido em audiência de custódia no domingo (29). Em depoimento à polícia, ele disse que ambos "praticaram sexo consensual e que, após a prática sexual, a vítima teria ficado desacordada."
Participação de mais suspeitos
Segundo o delegado, não há, até o momento, indícios da participação direta de mais pessoas no estupro. No entanto, a polícia vai investigar participações indiretas na violência. "Não detectamos a presença de outra pessoa na cena do crime, mas, se aparecer, será enquadrado conforme a lei."
Desde ontem, a polícia tem ouvidos testemunhas. O delegado não revelou quem será interrogado, apenas disse que serão entrevistadas pessoas que conviveram com ambos.
Como a festa foi organizada
A polícia quer apurar como a festa ocorreu. "Vamos intimar a Administração Superior da faculdade para ver quem é que liberou a festa, que horas começou e terminou", disse Baretta.
No fim de semana, a UFPI lamentou a morte de Janaína e informou que o evento não tinha autorização para ocorrer. A universidade disse, ainda, que o reitor determinou a instauração de um processo administrativo para a apuração dos fatos.
A universidade divulgou uma nota informando a suspensão das atividades acadêmicas nesta segunda-feira (30) em função da morte da estudante.
Eventual falha de segurança na instituição
A polícia quer saber se houve falha de segurança nas áreas internas da instituição. "Vamos identificar qual foi a falha na segurança interna da faculdade", disse Baretta.
O suspeito disse à polícia que ambos estavam em uma calourada na UFPI e que, por volta das 2h do sábado, teria convidado a jovem para ir a um corredor. Em seguida, foram a uma das salas de aula onde ocorreu o crime.
Presença de um colchão com sangue
A perícia apontou a presença de um colchão com manchas de sangue na sala. Vestígios de sangue também foram encontrados nas partes íntimas da vítima e no corredor próximo da sala. Esses elementos serão considerados pela polícia para conclusão do inquérito.
Um laudo do Instituto de Medicina Legal do Piauí apontou indícios de violência sexual contra Janaína e que a causa da morte foi um "trauma raquimedular [lesão na medula] por ação contundente".
Segundo o documento, houve uma contusão na coluna vertebral, o que causou a lesão da medula espinhal e a morte. A lesão pode ter sido causada por pancada, que teria torcido ou traumatizado a coluna vertebral.
Uma das possibilidades investigadas é a ação das mãos no pescoço da vítima "com intuito de matar ou fazer asfixia, queda, luta".
Relato de testemunhas
A polícia concentrará o trabalho, nessa semana, na coleta de depoimentos. "Vamos buscar outros elementos, pessoas que estavam com ela. Algumas foram ouvidas e outras serão", disse Baretta. Segundo ele, há um clima de comoção e revolta entre os amigos e familiares da vítima. "Todo mundo clamando por justiça."
O que diz a universidade
A universidade afirmou, por meio de nota, que está levantando todas as imagens de câmeras de segurança para a investigação e afirmou que repudia a "violência cometida contra a aluna". Segundo a UFPI, o ato violento "também agride cada uma das mulheres que integram a comunidade ufpiana"
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