MP discorda de pedido de prisão de aluna da USP e devolve inquérito
O MPSP (Ministério Público de São Paulo) discordou do pedido de prisão preventiva feito pela Polícia Civil contra Alicia Muller, 25, que confessou ter desviado R$ 937 mil da comissão de formatura de uma turma da Faculdade de Medicina da USP.
O promotor de Justiça Fabiano Pavan Severiano não concordou com o crime atribuído pela polícia à estudante e devolveu o inquérito ao 16º Departamento de Polícia.
O MPSP acredita que Alicia se enquadra no artigo 171 do Código Penal, que consiste na prática de golpes. Neste caso, a pena varia de um a cinco anos de prisão.
Já a polícia considerou que a estudante cometeu nove vezes o crime de apropriação indébita. Com pena prevista de um a quatro anos por cada crime, ela poderia ser condenada a até 36 anos de prisão.
Diferentemente do que ocorre na apropriação indébita, no estelionato a lei exige que as vítimas façam uma "representação criminal". Por essa razão, o promotor devolveu o inquérito à polícia para que os alunos prejudicados se apresentem e deixem explícito o desejo de ver a punição de Alicia, de forma a discriminar "o prejuízo suportado por cada um deles".
O MPSP também emitiu parecer contrário à decretação da prisão preventiva de Alicia Dudy Muller."
MP de São Paulo, em nota
Advogado de Alicia contesta
Ao UOL, o advogado de Alicia, Sérgio Ricardo Stocco Giolo, disse que agora é "aguardar as novas diligências" e protestou contra o pedido de prisão preventiva, que só poderia ser solicitada em caso "excepcional".
Os fundamentos apresentados são vagos e por isso não são válidos para justificar o pedido da prisão preventiva, porque nada dizem sobre a real periculosidade da acusada."
Sérgio Ricardo Stocco Giolo, advogado de Alicia, em nota
Quebra de sigilo
A investigação quebrou o sigilo bancário da estudante, mas até agora não recebeu os extratos —uma vez que os bancos têm até dois meses para enviar as informações.
"Enquanto o MP estiver com o caso, podemos remeter as informações que nos chegam", afirmou o delegado Guilherme Santos Azevedo, do 16ºDP de São Paulo.
Os depósitos deveriam ter sido feitos na conta da Ás Eventos —contratada para arrecadar o dinheiro—, mas acabaram desviados pela aluna, que também presidia a comissão de formatura.
Foi durante a confissão que Alicia levou os nove extratos comprovando as transferências para alguma de suas três contas pessoais. A polícia afirma que Alicia usou cerca de R$ 500 mil em apostas na Lotofácil e ganhou 17 vezes, embolsando R$ 170 mil, mas perdendo R$ 330 mil.
A estudante também viu seus gastos com cartão de crédito dispararem de R$ 2.000 para R$ 7.000 por mês, dinheiro que serviu para comprar um iPad de R$ 6.000 e alugar um Iphone, além de outros gastos pessoais, especialmente com iFood.
Ela também alugava um carro avaliado em R$ 120 mil e um flat de R$ 3.700, possivelmente mobiliado com o dinheiro desviado.
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