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MP discorda de pedido de prisão de aluna da USP e devolve inquérito

Alicia Müller deixa a delegacia em uma viatura após ter confessado que desviou R$ 937 mil da comissão de formatura - Wanderley Preite Sobrinho/UOL
Alicia Müller deixa a delegacia em uma viatura após ter confessado que desviou R$ 937 mil da comissão de formatura Imagem: Wanderley Preite Sobrinho/UOL

Do UOL, em São Paulo

31/01/2023 13h53Atualizada em 31/01/2023 16h13

O MPSP (Ministério Público de São Paulo) discordou do pedido de prisão preventiva feito pela Polícia Civil contra Alicia Muller, 25, que confessou ter desviado R$ 937 mil da comissão de formatura de uma turma da Faculdade de Medicina da USP.

O promotor de Justiça Fabiano Pavan Severiano não concordou com o crime atribuído pela polícia à estudante e devolveu o inquérito ao 16º Departamento de Polícia.

O MPSP acredita que Alicia se enquadra no artigo 171 do Código Penal, que consiste na prática de golpes. Neste caso, a pena varia de um a cinco anos de prisão.

Já a polícia considerou que a estudante cometeu nove vezes o crime de apropriação indébita. Com pena prevista de um a quatro anos por cada crime, ela poderia ser condenada a até 36 anos de prisão.

Diferentemente do que ocorre na apropriação indébita, no estelionato a lei exige que as vítimas façam uma "representação criminal". Por essa razão, o promotor devolveu o inquérito à polícia para que os alunos prejudicados se apresentem e deixem explícito o desejo de ver a punição de Alicia, de forma a discriminar "o prejuízo suportado por cada um deles".

O MPSP também emitiu parecer contrário à decretação da prisão preventiva de Alicia Dudy Muller."
MP de São Paulo, em nota

Advogado de Alicia contesta

Ao UOL, o advogado de Alicia, Sérgio Ricardo Stocco Giolo, disse que agora é "aguardar as novas diligências" e protestou contra o pedido de prisão preventiva, que só poderia ser solicitada em caso "excepcional".

Os fundamentos apresentados são vagos e por isso não são válidos para justificar o pedido da prisão preventiva, porque nada dizem sobre a real periculosidade da acusada."
Sérgio Ricardo Stocco Giolo, advogado de Alicia, em nota

Volkswagen Nivus - Wanderley Preite Sobrinho/UOL - Wanderley Preite Sobrinho/UOL
Alicia alugou este Nivus por R$ 2.000 ao mês
Imagem: Wanderley Preite Sobrinho/UOL

Quebra de sigilo

A investigação quebrou o sigilo bancário da estudante, mas até agora não recebeu os extratos —uma vez que os bancos têm até dois meses para enviar as informações.

"Enquanto o MP estiver com o caso, podemos remeter as informações que nos chegam", afirmou o delegado Guilherme Santos Azevedo, do 16ºDP de São Paulo.

Os depósitos deveriam ter sido feitos na conta da Ás Eventos —contratada para arrecadar o dinheiro—, mas acabaram desviados pela aluna, que também presidia a comissão de formatura.

Foi durante a confissão que Alicia levou os nove extratos comprovando as transferências para alguma de suas três contas pessoais. A polícia afirma que Alicia usou cerca de R$ 500 mil em apostas na Lotofácil e ganhou 17 vezes, embolsando R$ 170 mil, mas perdendo R$ 330 mil.

A estudante também viu seus gastos com cartão de crédito dispararem de R$ 2.000 para R$ 7.000 por mês, dinheiro que serviu para comprar um iPad de R$ 6.000 e alugar um Iphone, além de outros gastos pessoais, especialmente com iFood.

Ela também alugava um carro avaliado em R$ 120 mil e um flat de R$ 3.700, possivelmente mobiliado com o dinheiro desviado.

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Prédio onde Alicia alugou um flat com dinheiro da formatura
Imagem: Wanderley Preite Sobrinho/UOL