Topo

Esse conteúdo é antigo

Médicas zombam de gritos de criança atingida por raio no AM: 'Exorcizada'

Do UOL, em São Paulo

09/02/2023 21h36Atualizada em 10/02/2023 09h36

Duas médicas zombaram dos gritos de uma criança que estava sendo atendida em um hospital após ser atingida por um raio no município de Maués, no interior do Amazonas. As profissionais da saúde gravaram um vídeo e publicaram nas redes sociais.

"E aí, tu que vai suturar essas crianças gritando?", diz uma. A outra responde: "Isso mesmo. Parece que 'tá' sendo é exorcizada a criança'", fala, aos risos.

No texto da publicação, elas escreveram: "Eu comemorando que 'tá' chovendo na cidade. Minutos depois: criança atingida por um raio".

Segundo o Jornal do Amazonas, da Rede Amazônica (TV Globo), o episódio ocorreu no Hospital Raimunda Francisca Dineli da Silva e as mulheres foram identificadas como Sofia Rodrigues Gonçalves e Beatriz Afonso de Almeida. Ambas eram recém-contratadas na unidade de saúde.

A reportagem checou o registro de Sofia e Beatriz junto ao CFM (Conselho Federal de Medicina) e constatou que ambas fizeram a primeira inscrição no conselho no dia 5 de dezembro. Nenhuma delas tem especialidades ou áreas de atuação registradas.

Não se sabe qual o estado de saúde da criança de que as duas mulheres zombaram.

Prefeitura exonera médicas

Ontem, a Prefeitura de Maués divulgou uma nota oficial anunciando que determinou a "imediata exoneração das profissionais de saúde envolvidas nesse lamentável episódio".

"A Administração Municipal de Maués vem, por meio desta nota, reiterar que preza por uma saúde pública humanizada, bem como repudia e rechaça qualquer postura antiética e desumana de profissionais da saúde."
Prefeitura de Maués

Nesta quinta-feira, o UOL entrou em contato com a prefeitura para confirmar a identidade das médicas, saber se elas já foram exoneradas e desde quando elas atuavam na unidade de saúde. Porém, a administração municipal respondeu com a mesma nota divulgada ontem nas redes.

Conselho Regional de Medicina abre apuração

Em nota, o Conselho Regional de Medicina do Amazonas comunicou que tomou conhecimento sobre o caso através da imprensa e determinou uma sindicância "para apurar as responsabilidades profissionais e éticas das médicas envolvidas".

"O processo de apuração seguirá sob sigilo conforme determina a lei. Informamos ainda que o Conselho de Medicina do Amazonas que não compactua com este tipo de atitude e que trabalhamos diuturnamente em prol da ética e da boa medicina."

A reportagem procurou o conselho local, via e-mail e telefone, para saber se a apuração aberta pode levar à perda do registro profissional de ambas, mas não obteve retorno.

O UOL não conseguiu encontrar nenhuma forma de contato com as médicas. Os registros de ambas no CFM constam que elas não autorizam a exibição de seus endereços e telefones no site. O espaço segue para aberto para manifestação.