Plástica para fugir da polícia: quem é líder do PCC que compra igrejas
Valdeci Alves dos Santos, 51, é um dos líderes do PCC (Primeiro Comando da Capital), uma das maiores organizações criminosas do país. Famoso pelo apelido de "Colorido", ele voltou a ser notícia essa semana após ser acusado de lavar R$ 23 milhões vindos do tráfico de drogas investindo em imóveis, gado e sete igrejas evangélicas.
Colorido já foi condenado a 20 anos de prisão no início dos anos 2000. Segundo a Secretaria de Administração Penitenciária, o criminoso já foi condenado pelos crimes de homicídio, tráfico de drogas e uso de documento falso — de ocasiões anteriores à investigação de lavagem de dinheiro do tráfico.
Ele se aproximou de cúpula do PCC dentro de prisão, ao cumprir pena junto com integrantes da facção na Penitenciária de Presidente Venceslau no final dos anos 2000. Apesar de ter ficado mais de dez anos de prisão, o homem era considerado foragido desde 13 de agosto de 2014, quando deixou o Centro de Progressão Penitenciária de Valparaíso (SP) para a saidinha temporária de Dia dos Pais e nunca voltou.
Criminoso era "os olhos de Marcola". Segundo o Ministério Público, após deixar a prisão, Colorido fez "carreira" fiscalizando o andamento dos diversos setores do PCC — incluindo o repasse de drogas no Sudeste e no exterior. Ele também mantinha os líderes presos informados, com destaque para Marco Willians Herbas Camacho, o Marcola, que cumpre pena de mais de 340 anos, sendo apontado como líder máximo da facção.
Ao ser preso em 2022, ele já atuava como número 2 do PCC. Na hierarquia, o potiguar estava abaixo apenas de Marcos Roberto de Almeida, o Tuta, expulso da facção em maio do ano passado.
Colorido recorreu a plásticas para fugir da polícia por oito anos. Fotos tiradas logo após a detenção do traficante em Salgueiro, Pernambuco, mostraram que ele estava com a pele mais bronzeada, com as maçãs do rosto mais preenchidas e com menos rugas no que as fotos divulgadas anos antes.
Durante a fuga, ele vivia entre a Bolívia e o Paraguai. A nova aparência teria sido um recurso de precaução para suas visitas ao Nordeste, que ainda fazia com frequência. Ele foi preso durante uma delas, em uma blitz da Polícia Rodoviária Federal, apesar de não ter sido identificado nem pelo sistema de reconhecimento facial. Acabou pego por apresentar uma CNH falsa.
Na liderança do PCC, Colorido movimentou R$ 1 bilhão. A quantia teria sido arrecadada pelo tráfico apenas entre janeiro de 2018 e julho de 2019, segundo o Ministério Público de São Paulo.
Advogado do criminoso já negou ligação dele com tráfico ou organização criminosa. Bruno Ferullo afirmou que as acusações que conectam o cliente ao PCC são "infundadas e inverídicas". Procurada sobre a lavagem de dinheiro, a defesa não quis se pronunciar alegando não ter acesso aos autos.
Como funcionava esquema, segundo o Ministério Público:
- Valcedi e Geraldo usavam filhos, sobrinhos e outros familiares como "laranjas" nos documentos de imóveis.
- Eles tinham investimentos para lavagem de dinheiro em vários estados, com alvos da operação no Nordeste, Sudeste, Sul e Centro-Oeste.
- Entre negócios usados para "ocultar e dissimular" os ganhos com o tráfico, estavam 7 igrejas em São Paulo e no RIo Grande do Norte.
- Outros cinco mandados de prisão foram expedidos, sendo que um dos alvos era tesoureiro dos chefes do esquema.
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