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PF: Líder espiritual atraía vítimas para trabalho escravo e abusos sexuais

Operação da PF em São Paulo mira líder espiritual  - Divulgação
Operação da PF em São Paulo mira líder espiritual Imagem: Divulgação

Do UOL, em São Paulo

16/02/2023 09h54Atualizada em 16/02/2023 09h54

A Polícia Federal realiza hoje em São Paulo uma operação contra um líder espiritual suspeito de atrair pessoas e submetê-las a condições de trabalho análogas à escravidão, além de violação sexual mediante fraude. O homem chegava até as vítimas por meio de um programa de rádio dele, que trata de espiritualidade e motivação.

O investigado, que não teve o nome revelado, poderá responder por crimes de reduzir alguém a condição análoga à escravidão, violação sexual mediante fraude e lavagem de dinheiro, dentre outros, podendo a pena ultrapassar 14 anos.

Segundo a PF, o suspeito era considerado "grão-mestre" e "escolhido" pelo arcanjo Miguel. Acreditando que trabalhavam para uma missão divina, as vítimas passavam anos aceitando estas condições.

A investigação mostrou, ainda, que após serem convencidas a ficarem na instituição e a trabalhar para o investigado, as pessoas eram convidadas a morar com ele e outros integrantes do grupo. A justificativa do líder era de que isso seria "mais prático e econômico".

As vítimas eram submetidas a rotinas diárias de trabalho, com dedicação exclusiva, sem receber o "salário" combinado, nem ter alimentação adequada. Aqueles que não cumpriam o determinado eram expostos e humilhados durante as reuniões em grupo, e sofriam violência psicológica por meio de "maldições e ameaças" em nome de Deus e dos anjos. Uma das vítimas disse à polícia que vivia em uma "prisão psicológica".

O investigado também as convencia a assinar documentos que eram usados por ele para criar diversas empresas nos nomes dos fiéis, além de gerar dívidas através destas pessoas jurídicas. Segundo a polícia, as vítimas disserem em depoimento que só souberam dos negócios após deixarem a instituição.

A operação "O Impostor" foi realizada em cooperação com o MPT (Ministério Público do Trabalho) e a Superintendência Regional do Trabalho e Emprego. As equipes cumpriram um mandado de busca e apreensão expedido pela Justiça Federal de São Paulo.

O UOL entrou em contato com a PF e o MPT para saber o número de vítimas, e entender se alguém foi preso na operação. Caso tenha retorno, esta nota será atualizada.