Lagosta azul: por que bicho raríssimo achado no Brasil tem essa cor?
Um pescador de Maragogi (AL) teve um achado inesperado durante mais um dia de trabalho, ao notar uma lagosta azul em sua rede de pesca. Essa é a segunda vez que o crustáceo, registrado em 20 de fevereiro, é avistado no Brasil. A primeira, em 2019, aconteceu na mesma cidade que a primeira.
Espécimes semelhantes já foram vistas no Reino Unido e tem uma incidência de apenas uma a cada dois milhões segundo a BBC. Cláudio Sampaio, professor de engenharia de pesca na Universidade Federal de Alagoas, explica que pesquisadores não sabem ao certo as razões das aparições, mas já concluíram que o azul das lagostas está associado a uma mutação genética que altera a produção das cores características destes crustáceos.
"Possivelmente as únicas diferenças morfológicas entre elas e as outras espinhosas marrons é a cor, mas como não examinamos as lagostas, não podemos ter certeza", detalhou Sampaio, um dos responsáveis pelo artigo sobre a primeira lagosta azul encontrada no estado, no povoado de Barra Grande, também em Maragogi.
O biólogo explica que a pesca de lagostas é intensa no Brasil, o que faz de apenas dois espécimes azuis terem sido encontrados ainda mais surpreendente. Por outro lado, a própria atividade em nível predatório pode estar causando uma redução da diversidade genética do crustáceo.
Na contramão da pesca desenfreada, Maragogi tem a Área de Proteção Ambiental Costa dos Corais, com foco na conservação do meio ambiente.
"Cabe lembrar que o turismo e a pesca são importantes atividades econômicas na região, sendo a conservação fundamental para a manutenção dessas atividades e para o desenvolvimento socioeconômico", afirma Sampaio.
Ao comentar se a cor azulada não prejudicaria a sobrevivência dos crustáceos com os predadores já dentro do mar, o biólogo explica que as lagostas possuem hábitos noturnos, o que atenua as consequências de esses animais não conseguirem se camuflar.
"Elas passam o dia abrigadas e protegidas em tocas nos recifes. Esse comportamento deve contribuir para que lagostas azuis evitem predadores visualmente orientados, como peixes, pois à noite, quando são mais ativas, a cor azul não é destacada", justifica.
As duas lagostas encontradas no Alagoas foram devolvidas ao mar, impossibilitando que elas fossem alvo de pesquisa. Segundo os pescadores, eles fizeram apenas fotos antes de liberá-las.
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