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Lagosta azul: por que bicho raríssimo achado no Brasil tem essa cor?

Lagostas azuis foram capturadas apenas duas vezes no Brasil, ambas em Maragogi (AL) - Reprodução/Facebook
Lagostas azuis foram capturadas apenas duas vezes no Brasil, ambas em Maragogi (AL) Imagem: Reprodução/Facebook

Do UOL, em São Paulo

27/02/2023 15h27Atualizada em 27/02/2023 15h27

Um pescador de Maragogi (AL) teve um achado inesperado durante mais um dia de trabalho, ao notar uma lagosta azul em sua rede de pesca. Essa é a segunda vez que o crustáceo, registrado em 20 de fevereiro, é avistado no Brasil. A primeira, em 2019, aconteceu na mesma cidade que a primeira.

Espécimes semelhantes já foram vistas no Reino Unido e tem uma incidência de apenas uma a cada dois milhões segundo a BBC. Cláudio Sampaio, professor de engenharia de pesca na Universidade Federal de Alagoas, explica que pesquisadores não sabem ao certo as razões das aparições, mas já concluíram que o azul das lagostas está associado a uma mutação genética que altera a produção das cores características destes crustáceos.

"Possivelmente as únicas diferenças morfológicas entre elas e as outras espinhosas marrons é a cor, mas como não examinamos as lagostas, não podemos ter certeza", detalhou Sampaio, um dos responsáveis pelo artigo sobre a primeira lagosta azul encontrada no estado, no povoado de Barra Grande, também em Maragogi.

O biólogo explica que a pesca de lagostas é intensa no Brasil, o que faz de apenas dois espécimes azuis terem sido encontrados ainda mais surpreendente. Por outro lado, a própria atividade em nível predatório pode estar causando uma redução da diversidade genética do crustáceo.

Na contramão da pesca desenfreada, Maragogi tem a Área de Proteção Ambiental Costa dos Corais, com foco na conservação do meio ambiente.

"Cabe lembrar que o turismo e a pesca são importantes atividades econômicas na região, sendo a conservação fundamental para a manutenção dessas atividades e para o desenvolvimento socioeconômico", afirma Sampaio.

Ao comentar se a cor azulada não prejudicaria a sobrevivência dos crustáceos com os predadores já dentro do mar, o biólogo explica que as lagostas possuem hábitos noturnos, o que atenua as consequências de esses animais não conseguirem se camuflar.

"Elas passam o dia abrigadas e protegidas em tocas nos recifes. Esse comportamento deve contribuir para que lagostas azuis evitem predadores visualmente orientados, como peixes, pois à noite, quando são mais ativas, a cor azul não é destacada", justifica.

As duas lagostas encontradas no Alagoas foram devolvidas ao mar, impossibilitando que elas fossem alvo de pesquisa. Segundo os pescadores, eles fizeram apenas fotos antes de liberá-las.