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Após queda da internet, Justiça retoma audiência sobre morte de Bruno e Dom

Cartazes com pedido de justiça após as mortes de Dom Phillips e Bruno Pereira são expostos em protesto em frente à Funai, em Brasília - Gabriela Biló/Folhapress
Cartazes com pedido de justiça após as mortes de Dom Phillips e Bruno Pereira são expostos em protesto em frente à Funai, em Brasília Imagem: Gabriela Biló/Folhapress

Fabíola Perez

Do UOL, em São Paulo

21/03/2023 04h00

Após sofrer atrasos por causa de problemas com a internet, será retomada hoje a audiência que vai definir se o assassinato do indigenista Bruno Pereira e do jornalista britânico Dom Phillips vai a júri popular. Os acusados pelo crime devem ser ouvidos amanhã.

O que aconteceu

  • A audiência de instrução e julgamento começou na segunda-feira (20), em Tabatinga (AM), com depoimento de testemunhas. No total, devem ser ouvidas 15 pessoas.
  • Falhas na internet nos presídios federais de Catanduvas (PR) e Campo Grande (MS), onde estão os réus, levaram à suspensão da audiência e atraso da programação. A previsão era que começasse às 8h (horário local), com cinco depoimentos. Ela foi interrompida pela manhã, retomada à tarde e apenas uma pessoa foi ouvida.
  • Amarildo da Costa de Oliveira, o 'Pelado'; Oseney da Costa de Oliveira, o 'Dos Santos'; e Jefferson da Silva Lima, o 'Pelado da Dinha' devem ser ouvidos por videoconferência --apesar dos problemas de conexão.
  • Os três são acusados de homicídios duplamente qualificados, ocultação de cadáver e organização criminosa.

O que diz a defesa

  • Os advogados dos pescadores reclamam de dificuldades de comunicação com os réus --desde o sinal de internet até o acesso aos clientes.
  • O advogado de defesa Lucas Sá diz que apresentou ofícios à Justiça para obter informações sobre a posse de armas de indígenas e de Bruno. Ele também questiona a exoneração de Bruno da Funai e acrescenta que pediu uma perícia no local onde Bruno e Dom foram assassinados.
  • Na época do desaparecimento, a Univaja, que representa indígenas da região, disse que Bruno foi exonerado após perseguição política.

Relembre o caso

  • Dom e Bruno desapareceram no dia 5 de junho do ano passado, quando faziam uma expedição de barco no norte do Amazonas.
  • Bruno Pereira atuava havia mais de dez anos como indigenista no Vale do Javari e era considerado autoridade no trabalho em campo especializado em índios isolados.
  • Dom Phillips era jornalista freelancer e colaborador do The Guardian. Acompanhava Bruno colhendo relatos sobre a organização e modos de vida da população indígena da Terra Indígena Vale do Javari.
  • Segundo o Fórum Brasileiro de Segurança Pública, a área em que a dupla navegava é "palco de disputa entre facções criminosas que se destacam pela sobreposição de crimes ambientais, que vão do desmatamento e garimpo ilegal a ações relacionadas ao tráfico de drogas e de armas".
  • A investigação da Polícia Federal chegou a três suspeitos.
  • O pescador Amarildo foi preso em flagrante no dia 7, por porte de munição de uso restrito. Segundo a polícia, o pescador confessou, voluntariamente, a autoria do duplo homicídio, e contou com detalhes a dinâmica do crime.
  • O irmão de Amarildo, Oseney de Oliveira, conhecido como Do Santos, foi preso, mas negou envolvimento no duplo homicídio.
  • Jefferson da Silva Lima, conhecido como Pelado da Dinha, se entregou às autoridades após saber pela sua família que a polícia o procurava.