Mulher negra diz ter sofrido racismo e fica de calcinha e sutiã em mercado
A atriz e professora Isabel Oliveira ficou apenas com roupas íntimas em uma unidade do mercado Atacadão, em Curitiba, para denunciar racismo que teria sofrido de um segurança. A empresa nega.
O que aconteceu
Isabel aparece aos prantos em vídeo que divulgou no Instagram e afirma ter sido tratada como uma "marginal", após um segurança tê-la seguido por mais de 30 minutos nas dependências do mercado.
A atriz e professora diz ter questionado ao segurança se ela "estava oferecendo algum risco". Ela classificou a perseguição como um fato fora do usual.
Isabel relatou que chegou a deixar o mercado, mas retornou na companhia do marido para fazer o protesto ao ficar de calcinha e sutiã. Ela afirmou que foi a "última vez" em que entrou na unidade e ressaltou que seu "corpo é político".
Também contou que precisou "fazer um escândalo, gritando e pedindo para ser tratada com dignidade", e que, ao tentar denunciar o caso em uma delegacia, por meio de uma ligação, teria sido informada que "o segurança andar pelo mercado" não é crime de racismo. "Agora tenho que provar que estou sendo perseguida", disse a atriz.
Fui tratada como se fosse uma marginal. Fui sendo perseguida por um segurança por mais de meia hora dentro do Atacadão. Isso não pode ser normal. Eu perguntei para ele se eu estava oferecendo algum risco. Entrei para fazer as minhas compras. Isso não dá para admitir. Hoje eu fui a bola da vez, mas não dá para a gente sempre ser visto como uma ameaça."
Isabel Oliveira, atriz e professora
Atriz vai procurar delegacia; mercado diz que apurou caso
O UOL procurou a Polícia Civil do Paraná para saber se o caso foi denunciado e se havia alguma investigação, mas a corporação disse que, até o momento, não foi registrado nenhum boletim de ocorrência.
À reportagem, Isabel Oliveira informou que irá pessoalmente nesta segunda-feira (10) até uma delegacia de polícia para denunciar o racismo sofrido.
Em nota, o Atacadão negou que o segurança tenha agido de forma racista. A empresa diz que apurou o caso internamente, ouviu os funcionários e analisou as câmeras de segurança da unidade.
Desde as primeiras manifestações da cliente no local, a supervisão e a gerência da loja se colocaram à disposição para ouví-la e oferecer o devido acolhimento. Lamentamos que a cliente tenha se sentido da maneira relatada, o que, evidentemente, vai totalmente contra nossos objetivos."
Nota do Atacadão
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