'A teia gruda, há criança aqui': aranhas se multiplicam na zona norte de SP
A aposentada Márcia Palmeira, 62, caminhava pelo canteiro central da av. Braz Leme, em Santana, zona norte de São Paulo, quando sentiu uma teia enroscar em seu braço. Ao olhar entre as árvores, ela levou um susto: havia uma quantidade enorme de aranhas por ali.
Eu faço caminhadas e vejo que entre as árvores está cheio delas. Temos que nos limpar de teias durante o trajeto. Não sei se são perigosas e tenho preocupação com as crianças que estão por aqui."
A preocupação de Márcia é a mesma de outros moradores do bairro, que se assustaram com o aumento dos aracnídeos há cerca de um mês. A reportagem caminhou pelo canteiro central para tentar ver de perto a situação.
E, sim, elas estão por ali, em teias de diferentes tamanhos, escondidas ou bem evidentes para quem está passando. Elas gostam de ficar na parte mais alta das árvores, mas dava para ver algumas exceções perto do gramado.
Em média, medem cerca de 4 cm de comprimento, o equivalente a uma borracha escolar — mas podem chegar a 7,6 cm.
"Fiquei preocupado, porque às vezes venho com a minha cadela. Não deixei de fazer o caminho, mas comecei a me incomodar e não deixo ela ir para os espaços de grama", disse o estudante de psicologia Renan, 32, que viu as aranhas próximas ao chão como um sinal de alerta.
Além de uma ciclofaixa e caminho para pedestre, o canteiro também tem uma área com brinquedos para crianças e outro dedicado às atividades físicas, que ficam próximas às árvores.
"Eu ia até ligar para as zoonoses. Sempre caminho por este trecho e eu fiquei pensando que tem muita criança e idosos, especialmente no fim de semana", afirmou o aposentado José Carlos Inglês, 65.
Quem está ali todo dia percebe que elas não param de se multiplicar. O feirante Vinícius Luis, 36, que trabalha em uma barraca na avenida, contou que as aranhas viraram tema das conversas no bairro.
"De um mês pra cá, elas começaram a aparecer cada vez mais. O pessoal que sempre passa comenta, mas eu não vi nenhum acidente até agora", explica.
Acidentes não foram registrados, mas os moradores assustados andam removendo teias e matando os aracnídeos. Uma jovem até fez cartazes para tentar proteger os bichinhos.
Mas as aranhas são perigosas?
A espécie que está no canteiro da Braz Leme é a Trichonephila clavipes, segundo o Instituto Butantan.
Não é peçonhenta e, vale ressaltar, é protegida pela lei ambiental.
Ou seja, quem for flagrado matando uma dessas aranhas pode receber pena de até um ano de detenção, além de multa.
A Prefeitura informou que já está ciente da quantidade de aranhas no local e recebeu uma série de chamados nas últimas semanas, mas reforça que os moradores não devem ser preocupar. Por conta das reclamações, uma placa informativa foi colocada no local.
Além de não serem perigosas, elas são úteis, diz a Prefeitura:
Inofensivas e úteis devido à grande quantidade de insetos que consome, inclusive, vetores de doenças. Por não se tratar de animal que apresenta risco à saúde, não é passível de controle pela vigilância.
Esta espécie tem grande dificuldade de locomoção fora das teias e, por vezes, constrói a teia perto de espaços de passagem e trilhas.
O Instituto Butantan também informou que a espécie é muito comum na cidade e aparecem em maior quantidade sazonalmente.
O aumento da população da espécie está relacionado ao período reprodutivo, que deve ir até o mês de maio.
O que fazer ao se deparar com a aranha?
O melhor a fazer é se inspirar neste pedestre, que, diante da aranha apontada pela reportagem, declarou: "Não me incomoda, é a natureza."
Mas, caso você não consiga ter este distanciamento, evite o contato ou tente tirá-las de perto de forma delicada.
Os acidentes, apesar de raros, só acontecem quando não percebemos que elas estão no nosso corpo e acabamos machucando-as. Elas reagem picando.
A picada por causar inflamações alérgicas, então, caso aconteça, procure atendimento médico.
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