'Devemos mexer na ferida': como mulheres reagiram à extradição de Brennand
A extradição de Thiago Brennand, 42, dos Emirados Árabes para o Brasil pode encorajar mais mulheres a registrar novas denúncias contra o empresário, dizem acreditar a modelo e empresária Helena Gomes, agredida por ele em uma academia de São Paulo, e a estudante de medicina Stéfanie Cohen, que o acusa de estupro.
O que aconteceu
"É o momento de ter justiça". Mulheres que afirmam terem sido agredidas, ameaçadas e violentadas por Brennand dizem que a autorização para a extradição indica que os trâmites da Justiça avançam.
"Com a prisão dele, quem sentia medo deve denunciar". A estudante Stéfanie disse também que "todas as vítimas têm direito a fechar esse ciclo na vida delas."
Brennand foi preso hoje, e a extradição deve ocorrer até sexta-feira. Quatro agentes da Polícia Federal vão buscá-lo —o empresário está desde outubro no país do Oriente Médio.
Defesa de Brennand não se manifestou. O UOL entrou em contato por telefone com os advogados Carlos Barros e Eduardo Leite, e eles não responderam. Em vídeos compartilhados nas redes sociais, Brennand nega todas as acusações.
Mensagens enviadas por mulheres
Helena conta ter recebido desde sábado (15) mensagens de outras mulheres. É uma reação à notícia de que a extradição foi autorizada nos Emirados Árabes Unidos.
Agora vai."
Não acredito que está acontecendo. É um dia muito feliz na minha vida."
Será que agora vai acontecer?"
O que mais elas dizem
Helena afirma que a extradição não significa somente a volta de Brennand ao país. "É um incentivo para mulheres que não conseguiram fazer boletim de ocorrência procurarem a polícia."
Stéfanie conta que acreditou na Justiça desde que denunciou a violência sofrida. "É uma ferida terrível em que temos que mexer, porque é a única forma de trazer justiça para nós mesmas e a outras vítimas."
A importância do que está acontecendo não é somente trazê-lo ao Brasil. A mensagem mais importante é que as percebam a relevância de denunciar mesmo que ninguém ajude, que ninguém acredite."
Helena Gomes, empresária e modelo
Finalmente um fugitivo é obrigado a voltar ao seu país para cumprir as cinco prisões já decretadas. Juntas fomos fortes e enfrentamos, não fugimos."
Stefanie Cohen, estudante de medicina e modelo
Rede de apoio e incentivo a denúncias
Helena relata que já conversou com muitas mulheres desde agosto do ano passado. Na ocasião viralizaram imagens de Brennand agredindo a empresária em uma academia em São Paulo.
Elas relatam terem sido vítimas de diversas formas de violência por parte do empresário. "Elas não queriam registrar boletim de ocorrência por medo de morrer. Também falei com homens que relatam brigas com ele."
Helena alerta para outros efeitos do retorno. "Para outras mulheres, o fato de ele estar se aproximando pode ser um problema. Esperamos que elas se sintam protegidas."
Essas mulheres são julgadas pela sociedade. Talvez agora elas tenham coragem de fazer o boletim de ocorrência. É importante elas saberem que falar pode incentivar outras pessoas."
Helena Gomes
Entenda o caso
Existem cinco mandados de prisão preventiva no Brasil contra Brennand. As acusações são de agredir uma modelo, sequestrar e tatuar uma segunda mulher e estuprar uma jovem e uma miss.
O governo Lula confirmou oficialmente a extradição. "O procedimento segue seus trâmites regularmente e ainda não há previsão de quando o extraditando chegará ao Brasil", informou o Ministério da Justiça nesse domingo.
O presidente classificou a extradição como uma "questão de Justiça e de polícia".
A única coisa que eu sei é que, se no mundo existir um milhão de cidadãos como esse, todos devem ser punidos, porque não é humanamente aceitável que um brutamontes desse seja um agressor de mulheres. Eu acho que ele tem que pagar."
Lula, em viagem aos Emirados Árabes
A prisão no Oriente Médio ocorreu após o nome de Brennand aparecer na lista de difusão da Interpol. O empresário viajou para lá no dia 4 de setembro do ano passado, com expectativa de retorno ao Brasil em 18 de outubro.
Ele também é alvo de acusações de agressão contra o próprio filho, um adolescente de 17 anos.
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