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Ela perdeu a mãe minutos após se casar: 'Flores foram para o velório'

Simone Machado

Colaboração para o UOL, em São José do Rio Preto (SP)

27/04/2023 04h00Atualizada em 27/04/2023 13h14

Minutos após a vendedora Leticia Soares Bento Tejo, de 23 anos, se casar no cartório de Marília, interior de São Paulo, ela recebeu a pior notícia de sua vida: sua mãe havia morrido em um acidente quando estava a caminho da cidade para acompanhar o casamento.

Edna Nabas Soares, de 43 anos, e o enteado Gustavo Henrique de Oliveira da Silva, de 12, seguiam de São José do Rio Preto (SP) para Marília.

No caminho, ao tentar desviar de um carro que fez uma ultrapassagem em local proibido, o veículo onde estavam bateu de frente com um caminhão que seguia no sentido contrário.

O acidente aconteceu no último dia 14, na rodovia BR-153, e foi flagrado pela câmera de segurança do caminhão.

Nas imagens, é possível ver quando um carro, que seguia em faixa contínua, ultrapassou o veículo em trecho proibido.

O motorista de 75 anos que fez a ultrapassagem proibida estava com a CNH (Carteira Nacional de Habilitação) vencida desde 2020 e foi preso.

Durante a manhã ela me mandou mensagem dizendo que chegaria a tempo de acompanhar o casamento no civil. No cartório cheguei a ligar para ela algumas vezes, mas não atendia e comecei a ficar preocupada

"Às 15h50 o juiz me chamou para a cerimônia. Assim que acabou, fomos para as fotos. Foi quando meu padrasto ligou e me falou do acidente", recorda Letícia.

"Fui para a porta do cartório e, na escada, meu padrasto me deu a notícia de vez: 'eles faleceram'. Meu avô me segurou, e eu desabei de chorar. Só queria ver minha mãe e entender o que estava acontecendo."

Leticia - Arquivo Pessoal - Arquivo Pessoal
Letícia com a mãe Edna
Imagem: Arquivo Pessoal

Com a notícia do acidente envolvendo o carro em que sua mãe e o enteado estavam, Letícia e a família foram até a rodovia onde tudo aconteceu. Chegando lá, ela teve a confirmação da morte dos dois.

"Minha mãe sempre dirigiu muito bem. E, por uma imprudência de um cara irresponsável, duas famílias foram destruídas", acrescenta a vendedora.

"As coroas de flores para a minha mãe [no velório] foram feitas com as flores do meu casamento. Tenho certeza de que ela amou essa homenagem."

Casamento adiado

O casamento religioso e a festa, marcados para o dia seguinte, foram adiados pelos noivos. Ver a filha vestida de noiva entrando na igreja era o sonho de Edna, que não se casou no religioso.

"Por mim não teria mais cerimônia e festa, mas muitas pessoas me ajudaram e incentivaram a realizar esse sonho pela minha mãe. Então vamos realizá-lo no dia 5 de agosto, a data de aniversário dela, e todo o casamento vai ser para homenageá-la", conta Letícia.

Amava viajar

Edna trabalhava com body piercing, em São José do Rio Preto. Leticia recorda que a grande paixão da mãe era viajar.

"Ela amava viver! Com ela não tinha hora ruim, sempre foi uma pessoa animada demais, que onde chegava o sorriso contagiava todo mundo. Ela tinha o sorriso mais verdadeiro e lindo que já conheci."