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Polícia usa DNA de mortos em caçada no TO para checar ação em mega-assaltos

Do UOL, em São Paulo

09/05/2023 04h00

A Polícia Civil analisa o material genético dos 15 suspeitos mortos em confronto com as forças de segurança em meio à caçada no Tocantins, que completa um mês hoje. O objetivo é verificar se a quadrilha em fuga —após invadir a cidade de Confresa (MT) e atacar a PM e uma agência de transporte de valores — participou de outros mega-assaltos no país.

O que está acontecendo

Com a análise de DNA, será possível identificar possíveis comparsas nas ações. Depois de coletado por peritos e levado a um laboratório de DNA no Tocantins, o material foi encaminhado para a Polícia Civil de Mato Grosso, que investiga o caso.

Posteriormente, o material deve ser incluído no Banco Nacional de Perfis Genéticos, uma plataforma que coleta dados de vestígios de DNA deixados em crimes e todo o país.

Assim, será possível verificar a eventual participação em outros mega-assaltos no país dos criminosos mortos, como o ataque em Araçatuba (SP), em agosto de 2021. A ação foi semelhante ao mega-assalto ocorrido em 9 de abril em Confresa (no norte de MT) — com uso de fuzis, veículos blindados e explosivos.

Em Araçatuba, criminosos com fuzis explodiram caixas eletrônicos e usaram reféns como escudos humanos na fuga. Em ação monitorada com drones pelos criminosos, eles espalharam explosivos pelas ruas e incendiaram veículos para isolar a cidade. O assalto fracassou por causa de um mecanismo de destruição de cédulas.

Após o ataque frustrado em Confresa, os criminosos percorreram 160 km em carros blindados até Santa Terezinha (MT). O grupo então pegou dois barcos no rio Araguaia para cruzar a divisa com o Tocantins. Depois disso, invadiu uma fazenda para tentar fugir em um helicóptero. As buscas mobilizam cerca de 350 agentes de cinco estados.

Com as rodovias cercadas, o grupo precisou atravessar rios com armamento pesado. Os criminosos percorreram a pé mais de 100 km entre as cidades de Piuim e Marianópolis (TO), onde parte deles segue em fuga.

O material genético foi arrecadado para que pudesse ser comparado com os vestígios deixados pelos criminosos envolvidos em outros mega-assaltos, como o de Araçatuba."
Evaldo Gomes, delegado da Polícia Civil de Tocantins

mapa caçada 2 - Arte/UOL - Arte/UOL
Imagem: Arte/UOL

O que se sabe sobre o caso

A maior parte da quadrilha é formada por pessoas vindas de São Paulo. Isso reforça a possibilidade de envolvimento dos suspeitos pelo ataque em Confresa no mega-assalto de Araçatuba.

Nove dos 14 suspeitos identificados na ação em Mato Grosso são paulistas — entre eles, os dois presos. Três homens mortos ainda não foram identificados pela polícia. Todos eles têm antecedentes criminais, segundo a polícia.

Um dos fuzis apreendidos após confronto entre as forças de segurança e os suspeitos pertence à Polícia Militar de São Paulo. A arma foi identificada por causa do brasão, segundo a PM de Tocantins, que vê na apreensão mais um indício de que os criminosos atuavam em território paulista.

Os criminosos adotam a tática de "domínio de cidades". A ação é um avanço em relação ao "novo cangaço" por ser mais perigosa e planejada. Essas quadrilhas contam com armas de grosso calibre, explosivos e veículos blindados para enfrentar as forças de segurança.

Há policiais em áreas de mata e pontos de bloqueio nas estradas. Nós continuamos seguindo os rastros deixados pelos criminosos com base em informações de moradores nas regiões por onde eles passaram."
Thiago Monteiro Martins, major da PM de Tocantins