Grupo de mega-assalto usa táticas de guerrilha em fuga de 4 semanas no TO
Uma quadrilha especializada em mega-assaltos tem adotado táticas de guerrilha para escapar da caçada há quatro semanas no Tocantins, que mobiliza 350 agentes das forças de segurança de cinco estados. O grupo deu início à fuga após invadir Confresa (MT) para atacar a PM e uma agência de transporte de valores no dia 9 de abril.
O que acontece
Como as rodovias estão cercadas, o grupo precisou atravessar rios com armamento pesado. Os criminosos percorreram a pé mais de 100 km entre as cidades de Pium e Marianópolis, no Tocantins, onde parte deles segue em fuga.
Ao menos 30 pessoas participaram da ação, segundo a polícia.
Os envolvidos no mega-assalto usaram sacos de fibra nos pés para não deixar vestígios na área de mata. A polícia descobriu o método porque um suspeito morto em confronto foi encontrado usando a proteção.
O grupo também busca se camuflar em meio à vegetação para se esconder dos policiais, que fazem buscas na região. Segundo a polícia, os criminosos usariam roupas semelhantes às do Exército para se camuflar na vegetação. Equipes de operações especiais da PM seguem em ação nas áreas de mata. As rodovias estão cercadas.
Um dos suspeitos presos foi encontrado dentro de um ônibus em um cerco. Ele chegou a comprar roupas novas para despistar as forças de segurança, mas despertou suspeitas por causa das escoriações pelo corpo e acabou sendo reconhecido por vítimas da ação.
A quadrilha planejou fugas por terra, água e ar. Após invadir Confresa (MT) no dia 9 de abril, os criminosos em fuga percorreram 160 km em carros blindados até Santa Terezinha (MT). O grupo então entrou em dois barcos no rio Araguaia para cruzar a divisa com o Tocantins. Depois disso, assaltantes invadiram uma fazenda para tentar fugir em um helicóptero.
Essa quadrilha possui tática de guerrilha para entrar no mato e se camuflar na natureza. São criminosos que cruzaram uma região de difícil acesso, onde há dificuldades para atravessar até a cavalo. Eles possuem treinamento físico para enfrentar o terreno
Evaldo Gomes, delegado da Polícia Civil do Tocantins
O que se sabe sobre a quadrilha
Até o momento, 15 suspeitos de integrar a quadrilha foram mortos em confrontos com as forças de segurança.
Cinco homens foram presos. Desses, dois são suspeitos de integrar o grupo. Os outros três foram presos fora da região de buscas por suspeita de participar do apoio aos fugitivos. Eles não estavam envolvidos diretamente na ação, segundo a polícia.
A maior parte da quadrilha é formada por pessoas vindas de São Paulo. Nove dos 14 suspeitos identificados são paulistas —entre eles, os dois presos. Três homens mortos ainda não foram identificados pela polícia, que não revelou os nomes daqueles que tiveram a identidade confirmada pelas autoridades. Todos eles têm antecedentes criminais, segundo a polícia.
Os policiais apreenderam metralhadoras capazes até de abater helicópteros. Também foram localizados fuzis de outros calibres, farta quantidade de munição, coletes balísticos e até capacetes à prova de balas.
Como o grupo age e o que a polícia descobriu
Os criminosos adotam a tática de "domínio de cidades". A ação é um avanço em relação ao "novo cangaço" por ser mais perigosa e planejada. Essas quadrilhas contam com armas de grosso calibre, explosivos e veículos blindados para enfrentar as forças de segurança.
O ataque em MT foi planejado por 2 anos e teve um investimento de mais de R$ 2 milhões. A informação foi obtida junto a fontes ligadas à investigação com base no relato de um suspeito preso.
Os criminosos ficaram por cerca de 15 dias em casas alugadas no interior do Pará antes de atacar Confresa (MT). Segundo agentes que apuram o caso, foi onde a quadrilha preparou os últimos detalhes para colocar o plano em prática.
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