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Jovem agredido em supermercado na BA presta queixa contra seguranças

Um vídeo divulgado nas redes sociais mostra agressões a duas pessoas negras na parte externa de um mercado da rede Carrefour em Salvador  - Reprodução
Um vídeo divulgado nas redes sociais mostra agressões a duas pessoas negras na parte externa de um mercado da rede Carrefour em Salvador Imagem: Reprodução

Colaboração para o UOL, em São Paulo

11/05/2023 19h16

O jovem de 19 anos agredido por seguranças em um mercado do grupo Carrefour, em Salvador, após furtar sacos de leite em pó, prestou queixa contra os seguranças, e detalhou as agressões sofridas. O boletim de ocorrência foi registrado hoje, na 12º Delegacia Territorial de Itapuã.

O que disse o denunciante:

Em depoimento, o homem disse que ele e a esposa estavam com dificuldades financeiras e furtaram quatro pacotes de leite para o filho de 1 ano — ele é padrasto da criança. O caso ocorreu no Big Bom Preço, localizado no bairro São Cristóvão, na última sexta-feira (5).

Os seguranças teriam visto o furto e levaram o casal para um estacionamento, onde começaram as agressões. Eles teriam dito: "tá vendo, essa desgraça furtou".

Segundo o jovem, no total, eram seis seguranças armados. Eles mandaram-no sentar no chão, quando passou a ser agredido com "murros na cabeça e nas costelas", com "chute na costela", "arranhões na pescoço" e também disse que foi espancado com uma barra de ferro na cabeça e na perna.

A vítima contou que foi alvo de discriminação ao ser chamado de "veado, preto e desgraça". Os seguranças teriam tirado uma foto dele e falado que enviariam a imagem dos dois à polícia de Itapuã para que os agentes "matassem ele e a esposa".

Conforme o depoimento, os seguranças falaram que ele ficaria "famoso para servir de exemplo para ninguém querer furtar naquele mercado". Os vigilantes também disseram que "são pagos para matar quem furtar em mercado". Posteriormente, o casal teria sido levado para o interior da loja onde ele foi novamente agredido com um chute nas partes íntimas.

A vítima relatou ainda na delegacia que a mochila que ele carregava com os documentos e a chave da residência sumiram. Após o episódio, ele mudou de endereço por medo.

Relembre o caso

Um vídeo divulgado nas redes sociais mostra uma mulher com a mochila aberta e alguns sacos de leite em pó. É possível ouvir "ai, ai" enquanto um homem questiona a mulher sobre o nome da mãe dela. Ela responde.

O homem pergunta por que ela está ali e a mulher responde, com a mochila aberta, "que estava precisando para a minha filha". Depois, um homem dá tapas no rosto da mulher.

Em outro momento, o suspeito diz que não é ladrão. Os agressores dizem para o rapaz "tomar as dores dela (suspeita)" quanto ele diz o seu nome completo e é obrigado a dizer o nome da mãe dele, enquanto leva um tapa na cabeça.

Na ocasião, o Carrefour disse que fez um boletim online na 12ª Delegacia de Itapuã. A rede afirmou ter registrado denúncia de agressão e lesão corporal e deixado à disposição das autoridades as imagens das câmeras de segurança.

Em nota, o grupo Carrefour diz que nenhum funcionário direto ou indireto da loja tem uma tatuagem na mão, que aparece em um dos agressores. "Mesmo assim, não podemos aceitar que um crime como esse tenha ocorrido em nossas dependências", afirmaram.

A equipe de prevenção e liderança da loja foi demitida, e o contrato com a empresa responsável pela área de segurança externa foi rescindido, continua o grupo.