Donos de escola suspeitos de tortura se apresentam à polícia e são presos
Os donos da escola particular Pequiá, na zona sul de São Paulo, se apresentaram à Polícia Civil e foram presos hoje à noite. Com prisão temporária por tortura contra crianças decretada ontem pela Justiça, eles eram considerados foragidos.
O que aconteceu
Eduardo Kawano e Andrea Carvalho Alves Moreira combinaram com a polícia um local para se entregarem e foram conduzidos em uma viatura até a delegacia. Segundo a Polícia Civil, eles são suspeitos de torturar crianças com idades entre 1 e 6 anos entre 2015 e junho deste ano.
Eles chegaram algemados ao 6º Distrito Policial (Cambuci).
O casal nega as acusações. A advogada Sandra Pinheiro de Freitas assumiu o caso hoje. Ela disse que não teve acesso ao inquérito e que pedirá a revogação da prisão.
Como estão as investigações
O caso só veio à tona no dia 15 deste mês, quando uma professora entregou imagens com os maus-tratos e prestou depoimento. Em uma das gravações, a dona da escola chamou de "louco", diante de outros alunos, uma criança de 5 anos com dificuldade para fazer suas necessidades fisiológicas.
Em outro vídeo, uma menina de apenas 1 ano e 8 meses aparece recolhendo brinquedos e chorando. Em seguida, a dona da escola diz "guarda dentro da caixa" e ergue a criança com violência pelas mãos. "Pode guardar tudo isso aí! Agora! Pode recolher!", diz um homem. A voz é atribuída ao dono da escola.
A investigação ainda apura casos ocorridos em anos anteriores. Uma pedagoga que tirou a foto de uma criança obrigada a dormir dentro do banheiro em 2015 e a mãe de um menino amarrado junto a uma viga de madeira em setembro de 2022 foram ouvidas.
As crianças relataram episódios em que eram levadas a uma sala escura como forma de punição, segundo depoimentos dos pais à polícia. Também costumavam ficar sem o lanche oferecido no café da manhã porque precisavam "comer rapidamente", de acordo com relato em depoimento.
A Polícia Civil já ouviu três professoras e 13 pais de alunos. Entre eles, os responsáveis por cinco crianças entre 1 e 6 anos vítimas de maus-tratos neste ano.
As crianças torturadas não tinham lesões porque foram submetidas a uma violência psicológica. Ele [dono da escola] foi descrito como mais violento. Ela [dona da escola] costumava gritar e xingar os alunos. É triste, revoltante e bizarro."
Fabio Daré, delegado do 6º Distrito Policial (Cambuci)
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