Após horas esperando na estrada, afegãos conseguem entrar em Praia Grande
Os cerca de 150 refugiados afegãos que viviam de forma temporária no Aeroporto Internacional de São Paulo, em Guarulhos, chegaram na noite de ontem a um abrigo em Praia Grande, no litoral do estado, após ficarem parados na estrada devido a um imbróglio entre as autoridades.
O que aconteceu
Inicialmente, a prefeitura de Praia Grande disse que impediria a entrada dos ônibus que levavam os imigrantes. A gestão de Raquel Chini (PSDB) informou ter fechado a colônia de férias do Sindicato dos Químicos, espaço que abrigaria o grupo, e afirmou que priorizava a saúde dos moradores e dos afegãos — uma parte deles foi atingida por um surto de sarna.
A recusa fez com que os ônibus ficassem parados na rodovia Anchieta à espera de uma decisão. Segundo a deputada federal Juliana Cardoso (PT-SP), as ruas de acesso à colônia foram cercadas por viaturas da Guarda Civil Municipal. "Essa ação demonstra falta de solidariedade e humanidade, indo contra os princípios básicos de acolhimento e respeito aos direitos humanos", escreveu a parlamentar nas redes sociais.
Horas depois, a prefeita recuou após conversar com o ministro da Justiça, Flávio Dino, e fazer uma série de exigências. Ficou acertada a permanência de policiais na porta da colônia para controle de acesso, a montagem de um ambulatório, trocas diárias de roupas de cama e banho para o enfrentamento à sarna, intérprete e convênio para pagamento de exames, além da definição de um prazo de estadia.
A prefeita deixou claro ainda na reunião com o ministro que a responsabilidade por todo o tempo que os afegãos ficarem na cidade será do governo federal. A gestão informou que o Corpo de Bombeiros será acionado "para dar total respaldo e as orientações necessárias para que possam ficar em segurança no local" e encerra a nota dizendo se solidarizar com as causas humanitárias.
A viagem que levaria cerca de três horas durou mais de cinco. O comboio dos ônibus escoltado pela Polícia Rodoviária Federal chegou ao local por volta das 23h30, segundo a deputada.
Nas redes sociais, Dino reforçou o compromisso do país em acolher pessoas de outras nacionalidades. "O Brasil tem leis e nós estamos cumprindo. Esperamos das demais autoridades públicas idêntico comportamento. Lembro que há milhões de brasileiros morando em outros países e sempre desejamos que eles sejam respeitados. Então devemos dar o exemplo na nossa casa."
Fuga do Talibã
Desde 2021, cerca de 3,5 milhões de pessoas deixaram o Afeganistão quando os radicais do Talibã assumiram o poder, segundo a Acnur (Alto-comissariado das Nações Unidas para os Refugiados). O novo regime viola uma série de direitos, como o acesso à educação para meninas e mulheres.
O Brasil tornou-se destino para muitas dessas pessoas após uma portaria Interministerial em setembro de 2021, que facilita a entrada em território nacional dos afetados na região. O governo brasileiro autorizou a concessão de 11.576 vistos humanitários. Desse número, 9.003 já foram entregues aos requerentes, de acordo com a Acnur.
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