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Afeganistão: mais de mil civis já morreram em incidentes violentos desde o retorno do Talibã em 2021

Talibã realiza desfile militar em Cabul - Ali Khara/Reuters
Talibã realiza desfile militar em Cabul Imagem: Ali Khara/Reuters

27/06/2023 14h53

Mais de mil civis afegãos foram mortos em atentados e outros tipos de violência desde a partida das forças estrangeiras e a retomada do poder pelo Talibã em 2021, segundo relatório da missão das Nações Unidas no Afeganistão publicado na terça-feira (27).

Entre 15 de agosto de 2021 e maio deste ano, 1.095 civis foram mortos e 2.679 feridos, segundo a Missão de Assistência das Nações Unidas no Afeganistão (Manua), destacando os desafios de segurança mesmo após o fim da guerra que abalou o país por décadas.

A maioria das mortes - mais de 700 - foram causadas por dispositivos explosivos em ataques suicidas em locais públicos, como mesquitas, centros educacionais ou mercados.

Se o número de combates armados diminuiu drasticamente desde o retorno do Talibã em agosto de 2021 e a saída de tropas apoiadas pela Otan, os desafios de segurança são ainda numerosos, em particular por causa do grupo Estado Islâmico.

O grupo armado foi responsável pela maior parte dos ataques, conforme a Manua, que também observou que esses episódios foram mais mortais, embora os incidentes violentos tenham sido menos numerosos.

O Emirado Islâmico do Afeganistão, nome do governo do Talibã, diz que o país sempre encontrou desafios de segurança durante a guerra e que a situação havia melhorado desde que o grupo chegou ao poder.

"As forças de segurança do Emirado Islâmico (do Afeganistão) estão fazendo de tudo para garantir a segurança dos cidadãos e tomar as medidas apropriadas para erradicar os refúgios de terroristas", disse o ministério afegão das Relações Exteriores.

Mulheres salvas

O líder supremo do Afeganistão disse no domingo (25) que as mulheres do país estão sendo salvas das "opressões tradicionais" ao adotar a governança islâmica, que restaura o papel delas "como seres humanos livres e dignos".

Em um comunicado marcando o feriado de Eid al-Adha desta semana, Hibatullah Akhundzada - que raramente aparece em público e governa por decreto de Kandahar, o local de nascimento do Talibã - disse que medidas foram tomadas para proporcionar às mulheres uma "vida confortável e próspera de acordo com Sharia Islâmica".

As Nações Unidas expressaram "profunda preocupação" na semana passada com o fato de as mulheres estarem sendo privadas de seus direitos sob o governo talibã do Afeganistão e alertaram sobre o apartheid de gênero sistemático.

Desde o retorno ao poder em agosto de 2021, as autoridades do Talibã impediram meninas e mulheres de frequentar o ensino médio ou a universidade, baniram-nas de parques, academias e banheiros públicos e ordenaram que se cobrissem ao sair de casa.

Elas também foram proibidas de trabalhar para a ONU ou ONGs, enquanto a maioria das funcionárias do governo foi demitida de seus empregos ou está sendo paga para ficar em casa.