Polícia identifica mulher que imitou macaco para 3 negras em shopping de SP

A Polícia Civil de São Paulo identificou a mulher que imitou um macaco para três mulheres negras em um restaurante dentro do shopping Open Mall The Square, na Granja Viana, bairro nobre de Cotia (Grande São Paulo). O caso de racismo foi flagrado por câmeras de segurança do local.

O que aconteceu

A mulher identificada pela polícia é Thaís Pinheiro Andrade Nakamura, 40. A defesa das vítimas, representada pelo advogado José Luiz de Oliveira Júnior, afirmou que entrará com uma ação civil para responsabilizar a mulher.

Outro lado: O UOL procurou a defesa de Thaís Nakamura, mas não obteve retorno até o momento.

O que diz a Polícia Civil?

'Racismo está escancarado', declarou a delegada Mônica Gamboa. Ela disse que está convicta de que houve crime de racismo, após ter tido acesso às câmeras de segurança. Além de imitar um macaco, Thaís teria proferido ofensas a três mulheres negras em um restaurante, segundo os depoimentos.

Este tipo de crime é inafiançável e tem como pena de dois a cinco anos de reclusão. Agora, a polícia espera que Thaís compareça ao 2º DP de Cotia na segunda-feira.

Pelo vídeo, temos os gestos, a conduta racista não é só verbal. Quando ela dança imitando macaco já demonstra uma conduta discriminatória. As outras provas são os depoimentos das vítimas. As quatro [vítimas] foram ofendidas. O racismo já fica escancarado. Mônica Gamboa, delegada da Polícia Civil

Como foi o caso de racismo?

A mulher branca foi flagrada por câmeras de seguranças de um restaurante. Ela apontava para duas irmãs e uma amiga negras e imitava um macaco.

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Segundo as vítimas, a mulher se aproximou do grupo e disse que elas eram "lindas e corajosas", em tom de deboche. Depois, ela teria perguntado ao marido de uma delas, branco, "por que estava entre as negras", em momento também não captado pelas câmeras.

A agressora precisa sofrer esse processo-crime e um dos maiores prejuízos que as pessoas precisam sentir, que é no bolso.
José Luiz de Oliveira Júnior, advogado das mulheres negras

O que dizem as vítimas

Uma das vítimas disse à polícia que convidou as irmãs e uma amiga no dia 8 de julho para assistirem a um show no shopping de Cotia porque "estavam tristes" com a morte do pai ocorrida havia pouco tempo.

Durante o depoimento, a mulher disse que Thaís Nakamura perguntou para o namorado de uma delas o que ele estava fazendo no "meio de negros." O homem pediu, então, que a mulher branca repetisse o que havia falado, dessa vez na frente da namorada. Ela teria se negado.

Ao ir ao banheiro, a vítima passou perto de Thaís. Na volta, ela disse que percebeu que a mulher a chamou de macaco. "Parei, olhei para atrás e perguntei se realmente ela estava incomodada e ela gesticulou que sim e disse: 'É isso mesmo'".

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Ao voltar para a mesa e relatar aos familiares e amigos o que ocorreu, a mulher afirma que todos olharam para a mulher branca, que voltou a gesticular, imitando um macaco.

Neste momento, peguei meu celular e fui até ela perguntando e gravando se ela estava incomodada. E xingando-a de 'ridícula' enquanto o garçom tentava me segurar e minha amiga gritava 'racista'.
Uma das vítimas, em depoimento à polícia

Outra vítima relatou à polícia que a mulher branca se referiu a elas chamando-as de "lindas" e "corajosas" em tom irônico.

"Senti uma mão no meu ombro e vi que era uma moça branca e loira me falando 'vocês são lindas e corajosas de estarem aqui'. Até então, entendi como um elogio e agradeci. Depois disso comentei com minha amiga o que a moça branca havia falado, e minha amiga me afirmou que a moça era racista e estava falando com ironia."

Irritada após o ato racista, a vítima disse que se dirigiu até a mulher branca e a chamou de "linda". A mulher teria, então, tentado agredir a vítima, que disse que deu um tapa na mulher branca "para se defender". A amiga das vítimas que presenciou os fatos disse que tentou gravar a mulher branca imitando um macaco, mas não conseguiu.

O que dizem os maridos das vítimas

O marido de uma das vítimas relatou que o companheiro de Thaís chegou a se desculpar pelo ato racista. O marido de outra vítima disse à polícia que concluiu que a família havia sofrido um ataque racista.

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Concluímos que ela já estava sendo racista com nossa família em falas junto ao seu marido, porém, ele não conseguia controlar a sua esposa. Fui até ele e pedi que, se ele não conseguisse tranquilizá-la, que ele fosse para outra mesa porque ela estava nos ofendendo e que isso era crime contra toda minha família.
Marido de uma das vítimas

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