Cabana do tráfico do PCC e projéteis: veja fotos da perícia no Guarujá (SP)

As fotos da perícia realizada pelo Instituto de Criminalística concluída no dia 2 de agosto, seis dias após a morte do soldado da Rota Patrick Bastos Reis no Guarujá (SP), mostram a área dominada pelo PCC de onde partiram os tiros, com projéteis dos disparos e uma estrutura usada pelo tráfico, com cabana, mureta e uma área com vista panorâmica das vias de acesso.

O que a perícia aponta

O Instituto de Criminalística incluiu 21 fotografias de vestígios deixados pelo tráfico. As imagens mostram uma via que dá acesso ao morro da Vila Zilda em uma área de mata e a escadaria que leva ao possível local de onde ocorreram os tiros que mataram o soldado Reis, da tropa de elite da PM paulista.

O laudo da perícia foi anexado ao inquérito da Polícia Civil apresentado ao Ministério Público de SP. O crime causou uma reação das forças de segurança, em uma operação que deixou 16 mortos, com denúncias de abuso e tortura.

Peritos registraram uma espécie de cabana, em possível ponto de observação do tráfico
Peritos registraram uma espécie de cabana, em possível ponto de observação do tráfico Imagem: Reprodução

As fotos mostram uma espécie de cabana coberta por lona plástica azul e com cadeira, em possível ponto de observação utilizado pelo tráfico. Ao lado, foi encontrado um projétil, recolhido em um plástico. Nos arredores, havia vestígios de consumo de entorpecentes.

Perícia registra onde encontrou um dos projéteis de arma de fogo
Perícia registra onde encontrou um dos projéteis de arma de fogo Imagem: Reprodução

Os peritos também identificaram uma mureta de alvenaria com 1,30 m, coberta por lona, em área usada pela segurança armada do tráfico, com vestígios de disparo de arma de fogo. "Cerca de 2 m acima deste ponto, foi encontrado um habitáculo construído em alvenaria inacabada, dotado de três cômodos com indícios de frequentação recente", cita o laudo.

Peritos encontraram local com vista panorâmica possivelmente usada como ponto de observação do tráfico
Peritos encontraram local com vista panorâmica possivelmente usada como ponto de observação do tráfico Imagem: Reprodução

O local periciado permitia visão panorâmica das vias de acesso à comunidade, o que seria adequado a um eventual ponto de monitoramento. Foram encontrados vestígios relacionáveis com a ocorrência sob investigação.
Trecho do laudo da perícia

Continua após a publicidade
Perícia mostra mureta com 1,30 m usada pela segurança armada, com vestígios de tiros
Perícia mostra mureta com 1,30 m usada pela segurança armada, com vestígios de tiros Imagem: Reprodução

Os peritos foram pela primeira vez ao local do crime às 3h50 do dia 28 de julho, cinco horas após o assassinato do PM da Rota. Depois, retornaram às 10h40 do mesmo dia para coletar indícios de material genético capaz de identificar o DNA dos suspeitos de envolvimento na ação.

Os vestígios obtidos no local dos fatos foram examinados e deles extraídas amostras para pesquisa de eventual material biológico dos autores do delito.
Trecho do laudo da perícia

Peritos identificaram local possivelmente usado pelo tráfico comandado pelo PCC
Peritos identificaram local possivelmente usado pelo tráfico comandado pelo PCC Imagem: Reprodução

O que se sabe sobre o caso

Dois dos três suspeitos presos foram denunciados na última segunda-feira (7) por homicídio por "não terem impedido o crime". O posicionamento consta no inquérito da Polícia Civil, obtido pelo UOL, que embasou a denúncia realizada pelo MP — o órgão não contestou o inquérito policial.

Continua após a publicidade

Na terça (8), a Justiça aceitou o posicionamento da Promotoria, tornando os três presos réus no processo.

Erickson David da Silva, o Deivinho, preso após ser apontado como o suspeito de ter atirado, nega participação no crime. Detidos, Marco Antonio de Assis Silva e Kauã Jazon da Silva admitiram ligação com o tráfico, mas negaram envolvimento com o assassinato.

Suspeito de atirar em policial da Rota no litoral de SP
Suspeito de atirar em policial da Rota no litoral de SP Imagem: Reprodução

A denúncia do MP diz que os três agiram em conjunto "dando apoio material e moral" para o homicídio. Para sustentar esse posicionamento, a Promotoria disse que os denunciados estavam unidos "para defender a biqueira de intervenções policiais".

Em outro trecho, o MP justifica a denúncia citando um "alerta" no ponto de venda de drogas à presença policial. O órgão cita o "apoio moral recíproco" dos outros dois suspeitos, seguido por disparos que teriam sido dados por Deivinho, conforme indica a investigação do caso.

São responsáveis na medida de sua participação (...), visto que dividiam as funções [ligadas ao tráfico de drogas no local] e nada fizeram para conter a ação de Deivinho [principal suspeito de matar o PM].
Trecho do relatório final da Polícia Civil

Continua após a publicidade

A PM rebate acusações de abuso de autoridade e tortura feitas por entidades ligadas aos Direitos Humanos. A corporação informou ainda ter encaminhado ao Ministério Público imagens de câmeras de fardas de sete das 16 ações policiais que resultaram em mortes na Baixada Santista.

Deixe seu comentário

Só para assinantes