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Promotor de Justiça compara advogada a 'cadela' durante julgamento no AM

Um promotor de Justiça comparou uma advogada a uma "cadela" durante um julgamento na 3ª Vara do Tribunal do Júri do Amazonas, nesta quarta-feira (13).

O que aconteceu:

Um vídeo que circula nas redes sociais mostra o momento em que o promotor Walber Luís do Nascimento diz que comparar uma cadela a advogada criminalista Catharina Estrella é uma "ofensa" ao animal. Caso ocorreu no Fórum Ministro Henoch da Silva Reis, no momento da réplica de argumentação.

Se tem uma característica que o cachorro tem, Dra. Catharina, é lealdade. Eles são leais, são puros, são sinceros, são verdadeiros. E, no quesito lealdade e me referindo especificamente a vossa excelência, comparar a vossa excelência com uma cadela é muito ofensivo, mas não a vossa excelência, a cadela.
Walber Luís do Nascimento, promotor de Justiça

A Ordem dos Advogados do Brasil no Amazonas repudiou o caso.

Em entrevista coletiva realizada na tarde de hoje, o presidente da entidade, Jean Cleuter, afirmou que a declaração do promotor ofende a advogada não somente como profissional, mas também como mulher. "Hoje pela manhã, tivemos um fato muito grave, que foi a violação de prerrogativas da Dra. Catharina Estrella", argumentou Cleuter.

Ele disse ainda que recebeu um telefonema da advogada, que estava chorando. "A OAB está vigilante e pronta para apoiar os interesses da nossa colega. Juntos, faremos valer a Justiça e os direitos de todos os advogados e advogadas", defendeu.

Em um vídeo publicado nas redes sociais do presidente da OAB, Catharina diz que foi ofendida e que os juízes não fizeram "nada para impedir. "Hoje eu fui ofendida no meu trabalho, enquanto advogada. Os juízes não fizeram nada para impedir. Então, aqui a classe unida buscando respeito para que não torne a acontecer com qualquer outra advogada. Eu realmente não precisava passar por isso no exercício da minha profissão", lamentou.

O presidente da Associação Brasileira de Advogados Criminalistas no Amazonas, Vilson Benayon, informou que protocolou o pedido de providências sobre o caso no Conselho Nacional do Ministério Público, "em defesa das prerrogativas da associada Catharina de Souza Cruz Estrella ofendida e desrespeitada em sessão do Tribunal do Júri no estado do Amazonas".

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O que diz o promotor

Nas redes sociais, Walber Nascimento destacou que tem 32 anos de carreira como promotor de Justiça e que "nunca foi demandado por ter ofendido ou destratado qualquer colega advogado". "Não vou me curvar a tentativas, seja de quem for, de denegrir a minha conduta profissional", escreveu.

O promotor afirmou também que vai tomar as medidas judiciais cabíveis contra todos que "criaram essa narrativa de que eu ofendi uma colega advogada no plenário do Tribunal do Júri". "Sigo exercendo meu mister pautado pelo respeito a todos os envolvidos nos processos judiciais, sejam partes, advogados, defensores, juízes, servidores, estagiários ou auxiliares da justiça".

Associação Amazonense do Ministério Público defende promotor

Em nota publicada nas redes sociais, a AAMP (Associação Amazonense do Ministério Público) apoiou o promotor Walber do Nascimento.

O órgão afirmou que houve distorções por parte da advogada durante o julgamento. A nota diz ainda que "em momento algum, houve, por parte do representante ministerial, a prática das condutas injustamente imputadas a ele".

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A Associação Amazonense do Ministério Público - AAMP, entidade representativa de classe, que congrega Promotores e Procuradores de Justiça, por meio de sua Diretoria, vem a público apresentar seu total e irrestrito apoio ao associado e promotor de justiça, Dr. Walber Luís Silva do Nascimento, ao tempo em que destaca a importância de sua atuação firme, urbana e técnica no plenário do Tribunal do Júri, especialmente na defesa dos direitos das vítimas de crimes em razão de gênero, e o desagrava pelas distorções produzidas pela defesa dos réus durante o julgamento, pois, em momento algum, houve, por parte do representante ministerial, a prática das condutas injustamente imputadas a ele.
Nota da AAMP na íntegra

O UOL procurou o Ministério Público do Amazonas e o Tribunal de Justiça do Amazonas, mas não houve retorno. O espaço segue aberto para manifestação.

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