Ex-vereador que matou ex-esposa de 19 anos já havia a ameaçado de morte
O ex-vereador Oberto Nóbrega de Barros Oliveira, conhecido como Betinho Barros, já havia ameaçado a ex-esposa de morte antes de matá-la a tiros, na noite da última quinta-feira (21). Ele se matou após cometer o crime, no município de Belém, no agreste da Paraíba.
O que aconteceu
Mensagens de texto anexadas ao boletim de ocorrência que a vítima registrou dias antes de ser morta revelam que Betinho Barros diz que Rayssa vai "se arrepender". Os registros das conversas foram exibidos pela TV Cabo Branco, afiliada da Rede Globo na Paraíba.
Em outro trecho da conversa, o homem ameça matar a ex-esposa após ela dizer que vai registrar um boletim de ocorrência contra ele. Em seguida, ele diz: "Pode pedir a medida protetiva do inferno".
O ex-vereador afirma também que vai "trocar as coisas de casa" e "vender barato". "Sei o que vou comprar", em referência a adquirir uma arma de fogo.
A estudante de direito Rayssa Kathylle de Sá Silva, 19, foi morta na casa da mãe. O ex-casal tinha uma filha de um ano e três meses. A vítima também deixou outra filha de 5 anos, que não era filha do ex-vereador.
Família diz que ameaças eram constantes
Renan Sá, irmão da vítima, contou, em entrevista à TV Globo, que ela teria ido diversas vezes na delegacia.
Ele detalhou que em uma das ocasiões, falaram para a irmã para ela "conversar" com o ex-marido e seus familiares, para que não precisasse do envolvimento da polícia, já que ele era uma pessoa pública.
A mãe de Rayssa, Denúbia de Sá, lembrou que a filha sofria agressões constantes e já teria tentando acabar o relacionamento outras vezes. "Eu me lembro que teve um dia que ela estava na minha casa e ele fez uma chamada de vídeo com uma corda amarrada no telhado. Ela sempre terminava cedendo com medo de que ele fizesse alguma coisa. (...) Quando ela começou a estudar, ele começou a dizer que ia ficar de olho nela na faculdade", contou a mãe.
O irmão da Rayssa também questionou o fato do ex-vereador ter sido velado na Câmara Municipal da cidade. "Eu achei um desrespeito com a verdadeira vítima, a minha irmã", lamentou.
Relembre o caso
O casal estava separado havia aproximadamente um mês e em processo de divórcio, mas, segundo a Polícia Civil da Paraíba, o homem não aceitava o fim do relacionamento.
Com medo do ex-marido, a vítima se mudou para a casa da avó. A jovem cursava direito na UEPB (Universidade Estadual da Paraíba), no campus de Guarabira.
A instituição lamentou a morte da jovem e afirmou que ela "é mais uma vítima do machismo". "Infelizmente, Rayssa é mais uma mulher que entra para uma estatística cruel (...) Rayssa é mais uma vítima do machismo. O feminicídio é o ápice da violência contra as mulheres", diz trecho de nota divulgada pelo Observatório Bríggida Lourenço.
Newsletter
PRA COMEÇAR O DIA
Comece o dia bem informado sobre os fatos mais importantes do momento. Edição diária de segunda a sexta.
Quero receberBetinho Barros, 38, era secretário de Comunicação da prefeitura do município. A gestão municipal chegou a lamentar a morte do servidor e decretar luto oficial por três dias, em uma publicação nas redes sociais. Após críticas, a postagem foi excluída.
Vítima fez boletim contra o ex 9 dias antes de ser morta
Rayssa fez um boletim de ocorrência e solicitou aplicação de medidas protetivas contra o ex-companheiro. O B.O foi obtido pela TV Correio, afiliada à RecordTV.
Ela alegou que ele a perseguia e a ameaçava com mensagens e ligações. "Vou matar você e vou deixar sua filha sem mãe e sem pai", teria dito, segundo consta no boletim de ocorrência.
Estou ficando descontrolado. Rapariga, put*, imbecil, miséria, inútil. É o certo homem bater em mulher.
Mensagem de ameaça de Oberto
No boletim, Rayssa também relatou que o relacionamento de ambos estava "muito conturbado" e solicitou que fosse anexado no boletim, reproduções das conversas e "textos agressivos e ameaçadores" enviados pelo homem.
Segundo o documento, a estudante recebeu diversas ligações do homem e o investigador de polícia advertiu Oberto, que passou a mandar mensagens questionando onde Rayssa estava.
Em caso de violência, denuncie.
Ao presenciar um episódio de agressão contra mulheres, ligue para 190 e denuncie. Casos de violência doméstica são, na maior parte das vezes, cometidos por parceiros ou ex-companheiros das mulheres, mas a Lei Maria da Penha também pode ser aplicada em agressões cometidas por familiares. Também é possível realizar denúncias pelo número 180 — Central de Atendimento à Mulher — e do Disque 100, que apura violações aos direitos humanos.
Procure ajuda
Caso você esteja pensando em cometer suicídio, procure ajuda especializada como o CVV e os CAPS (Centros de Atenção Psicossocial) da sua cidade. O CVV (https://www.cvv.org.br/) funciona 24 horas por dia (inclusive aos feriados) pelo telefone 188, e também atende por e-mail, chat e pessoalmente. São mais de 120 postos de atendimento em todo o Brasil
Deixe seu comentário
O autor da mensagem, e não o UOL, é o responsável pelo comentário. Leia as Regras de Uso do UOL.