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Arma legalizada e ameaças: o que se sabe do ataque a tiros em escola de SP

Colaboração para o UOL

23/10/2023 09h25Atualizada em 23/10/2023 16h50

A Escola Estadual Sapopemba, na zona leste de São Paulo, foi alvo de um ataque a tiros na manhã desta segunda-feira (23), deixando uma garota morta e duas feridas.

Veja o que se sabe sobre o caso:

Quem são as vítimas

Segundo a Polícia Militar, três adolescentes foram baleadas durante o ataque. Todas eram mulheres.

Uma delas, Giovanna Bezerra, de 17 anos, foi atingida na cabeça e morreu.

Giovanna havia começado a trabalhar há poucos dias e recebeu o primeiro salário nesta semana, segundo Carla Bezerra, sua tia.

As outras duas vítimas não correm risco de morte. Uma foi baleada no tórax, e a outra, na clavícula.

Uma quarta vítima se feriu enquanto fugia após o ataque, segundo o governo de São Paulo.

Os feridos foram levados ao pronto-socorro do Hospital Sapopemba.

A jovem atingida no abdômen teve alta médica no final da manhã desta segunda (23). Segundo o pai da adolescente, a bala entrou embaixo do peito e saiu pelas costas, sem atingir órgãos vitais.

Como foi o ataque

O ataque foi realizado com uma arma de fogo às 7h20.

A polícia foi chamada por volta das 7h30, e foi até o local com vinte viaturas e um helicóptero.

O atirador se entregou à polícia.

Segundo as autoridades, ele tem 16 anos e é um aluno do primeiro ano do Ensino Médio. No momento do ataque, o adolescente usava o uniforme da escola.

A mãe do atirador já havia feito boletim de ocorrência no dia 24 de abril deste ano, afirmando que ele havia sofrido agressões e ameaças de outros alunos.

Um vídeo ao qual o UOL teve acesso mostra o jovem sendo agredido por colegas dentro da sala de aula. Segundo o boletim de ocorrência, um dos objetivos dos agressores seria ganhar mais seguidores nas redes sociais, por meio da divulgação das hostilidades.

A mãe do adolescente afirma que procurou o Conselho Tutelar e a diretoria da escola para relatar os fatos.

Colegas do atirador dizem que ele avisava "há semanas" que praticaria um atentado contra seus agressores.

O UOL procurou a Secretaria Estadual da Educação, mas a pasta ainda não comentou as declarações.

Arma era do pai do atirador

Os tiros partiram de um revólver calibre 38.

A Polícia Civil afirmou que a arma é do pai do aluno. O revólver é legalizado.

Segundo a polícia, o adolescente vasculhou a casa do pai para encontrar a arma do crime e a munição. Depois, escondeu o revólver na mochila.

O atirador passou por exame de corpo de delito e será encaminhado para a Fundação Casa, segundo o secretário de Segurança Pública, Guilherme Derrite.

A polícia tenta identificar quatro pessoas que conversaram com o atirador por uma rede social para investigar se elas teriam incentivado o ataque.

Aluna relata correria

Uma aluna da Escola Estadual Sapopemba relatou o desespero dela e dos colegas, que saíram correndo da sala de aula durante o ataque.

Foi um barulho oco, parecia mais uma bomba.

O pai dela, Erico, afirmou ao UOL que "essa menina [que morreu] foi buscar água e foi pega, no corredor das salas. Na classe da minha filha eles escutaram o barulho e saíram correndo sem destino".

Aluna diz que atirador mirou em seu rosto

Outra estudante enviou um áudio à família contando que estava dentro da sala de aula quando ouviu um disparo.
Uma colega tentou fechar a porta, mas foi impedida pelo atirador.
Ele mirou na minha cara e não conseguiu disparar. Comecei a sair correndo e vi uma menina morta no chão (...) O portão estava fechado e uns meninos do 3º ano pularam e conseguiram estourar o portão da secretaria. E foi aí que a gente saiu.
Aluna da Escola Estadual Sapopemba
Segundo a adolescente, o atirador era um colega de sala que sofria bullying. "Ele foi direto nos meninos do fundo que zoavam ele", afirmou a menina.

O que dizem as autoridades

O ministro da Justiça e Segurança Pública, Flávio Dino (PSB), se manifestou sobre o caso nas redes sociais.

Solidariedade às vítimas, suas famílias e à comunidade da escola estadual de São Paulo, alvo de ataque com arma de fogo. Laboratório de Crimes Cibernéticos do Ministério da Justiça foi acionado para auxiliar a Polícia de São Paulo a aprofundar as investigações.
Flávio Dino

O governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), afirmou estar "consternado" com o caso.

Nesse momento, a prioridade é apoiar os estudantes, professores e familiares. Toda minha solidariedade às famílias e a todos os afetados neste triste episódio.
Tarcísio de Freitas

Mais tarde, em coletiva de imprensa, Tarcísio afirmou que as ações do governo do estado precisam ser revistas para evitar que novos ataques em escolas aconteçam. "A escola tem que ser um local seguro, um local de convivência", completou.

O governador também disse que, desde março, 165 tentativas ou suspeitas de ataques a escolas foram frustradas por ações do governo.

O prefeito de São Paulo, Ricardo Nunes (MDB), se manifestou nas redes sociais.

Meus sentimentos aos amigos e familiares neste momento de dor. Torço pela pronta recuperação dos feridos socorridos ao hospital do bairro. A Polícia já prendeu o atirador. Estou em contato com o Estado para oferecer o suporte necessário.
Ricardo Nunes

O ataque está sendo investigado pelo 70º Distrito Policial (Vila Ema).

A escola ficará fechada por duas semanas.

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