Atirador disse que aproveitou ausência de professora para cometer ataque
O atirador responsável pelo ataque a uma escola em Sapopemba, zona leste de São Paulo, que deixou ontem uma aluna morta e outras duas feridas disse em depoimento que aproveitou a ausência da professora em sala de aula para cometer o crime, segundo a defesa dele.
Como foi o depoimento
O adolescente de 16 anos contou que levou na mochila uma arma que havia encontrado na casa do pai no dia anterior. Segundo o advogado que acompanhou o depoimento, o atirador disse ontem à Polícia Civil ter aproveitado a ausência da professora em sala para ir até o banheiro, onde colocou a munição no revólver calibre 38.
A professora não foi à escola [no dia do ataque]. Então, a coordenadora passou algumas atividades, mas não permaneceu na sala. Nesse momento, ele se dirigiu ao banheiro, tirou a arma e a municiou.
Antonio Edio, advogado do atirador
Em depoimento de quase três horas, o jovem disse que era vítima de homofobia na escola. E que seu objetivo era atacar dois meninos que supostamente cometiam violência física e psicológica contra ele, mas acabou atirando em vítimas aleatórias.
O alvo dele eram dois colegas, mas não conseguiu atirar neles porque, na hora do tumulto, todo mundo correu e ele começou a atirar a esmo. Ele disse que não sabia em quem estava atirando e que não tinha a intenção de atirar nas vítimas do ataque.
Antonio Edio
O advogado do atirador disse que houve omissão do Estado, já que a mãe havia relatado para a direção que o filho era vítima de homofobia desde o começo do ano. "A escola sabia do que ocorria e não tomou atitude nenhuma", criticou.
Em nota, a Seduc-SP (Secretaria da Educação do Estado de São Paulo) disse que trabalha para aprimorar o atendimento psicológico nas escolas. "Atualmente, 550 psicólogos realizam atendimentos periódicos nas unidades escolares da rede e a gestão trabalha para ampliar esse contingente. Apenas na unidade em Sapopemba, foram 15 atendimentos psicológicos em um mês", informou a pasta.
O adolescente passará hoje por audiência de custódia e, em seguida, será encaminhado para uma das unidades da Fundação Casa. Ele irá responder por ato infracional análogo ao crime de homicídio e de outras duas tentativas de homicídio.
A Polícia Civil agora tenta identificar as quatro pessoas com quem o adolescente manteve contato em uma rede social, onde anunciou que cometeria o ataque. A investigação irá apurar se eles tiveram participação, ainda que indireta, nos crimes.
Segundo a investigação, o atirador compartilhou o ataque em tempo real por áudio nessa rede social. Ele também teria usado uma gilete para fazer uma suástica na coxa esquerda "para ganhar pontos" nesse grupo, de acordo com a Polícia Civil.
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