Ondas gigantes no Rio: 'Vi clientes flutuando e tive prejuízo de R$ 3 mil'
A ressaca nas praias de Ipanema e Leblon, na zona sul do Rio, no domingo (5), assustou banhistas e causou prejuízo aos donos de barracas que trabalhavam no local.
Cristiane Pires, 47, é dona da Barraca Brasil, entre o posto 9 e 10 de Ipanema. Ela estava trabalhando na praia, quando, por volta das 14h30, veio uma onda e tomou tudo.
"Do nada, foi cliente flutuando, crianças, cadeiras, barracas. E, como sempre, o barraqueiro tentando salvar as pessoas. Foi gente com dedo, perna machucada, outros tiveram carteiras e celulares perdidos. Foi um caos, me senti num cenário de guerra tentando salvar as pessoas", disse a barraqueira, que trabalha na região há 25 anos.
Em meio à confusão, adolescentes e crianças ficaram desaparecidos e outros se machucaram ao trombar com o mobiliário e com outros banhistas.
"Foi um dia de horror e tristeza. A onda veio e tinha muita gente sentada. Todo o mobiliário bateu com força nas pessoas. Também tive um prejuízo de uns R$ 3 mil, já que, nessa época do ano, costumo renovar meu material. Perdi entre 8 e 10 guarda-sóis, 10 e 12 cadeiras. O mar realmente levou tudo."
A barraqueira conta que, mesmo de olho nas informações divulgadas, em momento algum ela viu alertas sobre a ressaca.
"Seguimos alguns órgãos públicos de alertas e não vimos nada em redes sociais sobre isso. A informação não chegou em quem estava ali. Eu não estaria lá se soubesse."
'Foi a pior ressaca que a gente teve'
Dois postos depois do de Cristiane, estava Michele Fernandes, 36, na Barraca da Olinda. A barraqueira trabalha com a mãe há 15 anos e estava ao lado do posto 11. Ela e os banhistas foram pegos de surpresa com o mar revolto. Michele chegou a machucar o pé e perdeu uma unha durante a ressaca.
"Desde cedo o mar estava alto, mas começou a melhorar a partir das 8 horas. Depois das 14 horas, começaram as ondas monstruosas. Foi tudo muito rápido, o mar estava muito alto e ninguém entrava, mas, quando chegou, foi numa velocidade que ninguém esperava", diz ela.
Foi a pior ressaca que a gente teve. Maré cheia de tarde é uma raridade e, quando ela veio de fato, a gente não estava prestando atenção. Até que as pessoas começaram a correr, e a barraca foi para o meio da pista. A gente não teve reação. Tentei pegar primeiro minha bolsa, as coisas de valor, depois vimos os danos.
Michele Fernandes, da Barraca da Olinda
Segundo a barraqueira, a maioria das pessoas que estavam próximas à barraca perdeu o celular, fora as que se feriram na correria.
"Uma senhorinha bateu a cabeça no calçadão e abriu o supercílio. Uma pedra que soltou do calçadão bateu no meu pé, me ralou e eu cheguei a perder uma unha. Parecia um tsunami, coisa de filme. Todo mundo de alguma forma saiu machucado."
A onda que atingiu Ipanema recuou e levou tudo de volta para o mar. Já a do Leblon invadiu toda a faixa de areia e a pista, o que fez com que o prejuízo de Michele não fosse tão grande quanto o de Cristiane.
"Você não tem força contra o mar. Estava com o triciclo montado na pista, com itens bem pesados e ele chegou a virar. Mesmo com toda a confusão, conseguimos pegar bastante coisa depois. Tivemos prejuízo entre R$ 400 e R$ 500 em material de barraca, com meu kit de caipirinha que desapareceu e algumas bebidas", disse Michele, que recebeu ajuda dos banhistas para pegar os itens espalhados.
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Quero receberNas redes sociais, a Prefeitura informou que a ressaca continuaria na segunda-feira, com ondas entre 2,5 metros a 3,5 metros. Sobre o jovem desaparecido após as fortes ondas, o UOL procurou o Corpo de Bombeiros do Rio, mas não teve retorno.
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