Defesa de PM aposentado que matou suspeitos em SP alega 'legítima defesa'

Filardi também argumentou que os disparos foram feitos a curta distância para não colocar em risco outras pessoas que estavam na rodovia. "Alguns tiros são feitos mais perto do indivíduo porque tinha muita gente em volta. Se ele atira de uma distância maior há chance de ele atingir um terceiro ou inocente".

O bandido, durante a luta corporal, poderia conseguir pegar a arma do policial caso não conseguisse usar a que portava.
Luis Alberto Filardi, advogado

Alexandre de Oliveira Papa prestou depoimento sobre o caso. Procurada pelo UOL, a SSP (Secretaria da Segurança Pública) de São Paulo não informou o conteúdo das declarações do PM aposentado.

Relembre o caso

O militar seguia na moto BMW, acompanhado da mulher, na rodovia Presidente Dutra, perto do Viaduto Curuçá, Vila Maria, zona norte de São Paulo.

O casal foi abordado por dois homens também em uma moto BMW. Um dos criminosos estava armado de revólver calibre 38, o outro carregava uma pistola calibre 380. Os armamentos tinham a numeração raspada.

A dupla anunciou o roubo. Alexandre portava uma pistola Glock calibre 40.

O PM aposentado reagiu ao assalto e atirou. Segundo a Polícia Civil, ele não soube dizer quantos disparos efetuou.

As cenas do roubo e da reação do policial militar foram filmadas por pessoas que estavam na via Dutra. O trânsito parou. Alguns motoristas ficaram em pânico. Uma criança que estava com o pai em um veículo assistiu tudo. Ela se assustou e começou a chorar.

Um dos suspeitos foi alvejado várias vezes, inclusive quando já estava caído ao chão. O outro assaltante, ao ver o comparsa baleado, tenta correr, cai e ergue a mão direita aparentemente se rendendo. A esquerda estava apoiada ao chão.

O tenente atira ao menos três vezes contra ele, mesmo com o criminoso no chão e rendido. O homem, mesmo ferido consegue se levantar. O PM aposentado o puxa pelo capacete e ele tenta se levantar. Os dois entram em luta corporal. O suspeito é dominado e jogado ao chão. Ele se levanta outra vez, tenta fugir, é contido pelo PM e outras pessoas e baleado ao menos mais duas vezes.

As pessoas que acompanhavam tudo, em meio ao medo de serem atingidas por disparos, apoiaram a atitude do tenente. Uma delas chegou a dizer: "bem feito", depois que o segundo ladrão, já ferido, passou a agonizar caído na pista da rodovia.

Um dos mortos é filho de sargento da PM

A Polícia Rodoviária Federal foi acionada. Os agentes solicitaram socorro ao resgate. Um médico da equipe, identificado como Sandro, constatou o óbito dos assaltantes no local.

Viaturas da Rota e de outros batalhões da Polícia Militar também foram mobilizadas à cena da tentativa de roubo. O policial rodoviário federal Leonardo Santos conduziu a ocorrência e apresentou o caso em um distrito policial da região.

O nome de apenas um dos envolvidos foi divulgado.

Na delegacia, investigadores da Polícia Civil apuraram que o homem, identificado como Marcos Monteiro da Silva, é filho de um sargento da Polícia Militar, que atua no 27º Batalhão (Parque América), na região do Grajaú, zona sul paulistana. O UOL não conseguiu falar com a família de Marcos Monteiro da Silva. O espaço segue aberto para manifestação.

A SSP (Secretaria Estadual da Segurança Pública) informou que as circunstâncias do fato serão apuradas pelo 19º DP. O caso foi registrado como homicídio, roubo de veículo tentado e consumado; excludente de ilicitude e localização/apreensão e entrega de veículo pelo 73º DP.

A pasta informou ainda que a moto usada pelos suspeitos havia sido roubada um dia antes e, após trabalho pericial, foi restituída ao dono. A SSP acrescentou que todas as armas foram apreendidas e encaminhadas para perícia.