Governo notifica Aeroporto de Brasília após racismo contra porta-bandeira
A Senacon (Secretaria Nacional do Consumidor) notificou ontem (24) o Aeroporto de Brasília após racismo contra a histórica porta-bandeira da Portela Vilma Nascimento, 85 —obrigada a esvaziar a bolsa na loja Dufry Brasil na terça-feira (21).
O que aconteceu
A Senacon deu à Inframerica —concessionária responsável pelo aeroporto— 24h para se explicar. Procurada pelo UOL, a empresa argentina afirmou que "não foi notificada" e está à disposição das autoridades. Em nota divulgada durante a semana, disse que "repudia qualquer tipo de ação discriminatória". A loja demitiu a funcionária.
A secretaria fez as seguintes perguntas à Inframerica:
- Em qual setor do aeroporto o fato ocorreu? Indicação do responsável.
- Quais as medidas adotadas pela Inframerica Concessionária do Aeroporto de Brasília em relação ao fato?
- Houve chamado dos funcionários de segurança do aeroporto? Quais os procedimentos adotados e o que foi constatado?
- Envio de plano de ação direcionado a todos os setores do aeroporto para que tomem conhecimento de nota técnica da Senacon sobre enfrentamento ao racismo nas relações de consumo.
Inframerica, em nota
Como foi a abordagem
Vilma foi a Brasília para receber uma homenagem pelo Dia da Consciência Negra na Câmara dos Deputados pelo Dia da Consciência Negra, na segunda-feira (20). No dia seguinte, enquanto aguardava o voo para voltar ao Rio, ela decidiu entrar na loja para comprar um refrigerante.
A porta-bandeira foi obrigada a esvaziar sua bolsa pela vistoria da segurança após a compra. Danielle Nascimento, filha de Vilma, registrou a cena, que viralizou nas redes sociais.
A filha contou que também foi abordada após comprar chocolates. A fiscal, porém, decidiu que Vilma precisaria abrir a bolsa em uma sala reservada.
No vídeo, Danielle conversa com a mãe: "Esqueceu de pagar algum produto, mãe?", pergunta a filha. "Eu?", responde ela. "Não comprei nada. Como é que vou pagar?"
Entrei no avião lotado aos prantos, com todos me olhando. Foi uma humilhação que nem eu, nem a minha mãe imaginávamos passar nessa vida. Estamos tristes e traumatizadas até agora. Foi um absurdo! Cheguei a perguntar se ela estava fazendo isso conosco por causa da nossa cor.
Danielle, filha de Vilma, no Instagram
Fiscal foi afastada
A Dufry Brasil pediu desculpas pelo "lamentável incidente". A empresa diz em nota que a abordagem foi "absolutamente fora do padrão".
Em razão da falha nos procedimentos, a profissional foi afastada de suas funções. Este tipo de abordagem não reflete as políticas e valores da empresa.
Dufry Brasil
O que diz a Portela?
Escola de samba repudiou "veementemente" a abordagem e exaltou Vilma. Em nota, a Portela disse que a luta por uma sociedade mais justa e humana passa pelo combate ao racismo e condenou o preconceito sofrido por Vilma Nascimento, o "Cisne da Passarela".
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Quero receberA escola também pediu que o caso seja apurado pelas autoridades. "Este é um dever (...) não apenas para com os sambistas, mas para toda a população preta de nosso país, que não admite mais ser discriminada em lugares públicos", diz o texto.
Vilma é um dos ícones da Portela e do Carnaval. É uma sambista de destaque, que traz na pele a marca de nossa ancestralidade. O constrangimento, demonstrado nas imagens divulgadas, é sentido por todos que temos no samba parte importante de nossa identidade, e que enxergamos em Vilma uma de nossas grandes referências.
Portela, em nota
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