Mulher negra acusa loja de racismo após ser seguida e ter bolsa revistada

Uma mulher negra diz ter sido vítima de racismo após ser seguida por um segurança e ter de abrir a bolsa no Rio.

O que aconteceu

Empresária estava em uma loja de cosméticos com a irmã, que é branca, mas só ela foi abordada. Gabriela Martins, 40, conta que as duas estavam em busca de produtos para o estabelecimento de beleza de que são proprietárias. Após não encontrar o que procuravam, foram embora em direção a outro estabelecimento. Já no outro local, ela diz ter sido coagida por um homem e ouviu que precisava voltar à loja anterior para "devolver o produto que havia roubado".

Ela diz acreditar que tenha sido vítima de racismo, já que em momento algum acusaram sua irmã.

O caso ocorreu na loja Rio Bel, em Jacarepaguá, na zona oeste, na última terça-feira (28). As irmãs permaneceram cerca de 10 minutos no local. Durante esse tempo, Gabriela diz que seu telefone tocou dentro da bolsa, ela atendeu e logo depois guardou. A irmã foi atendida por uma funcionária e ela ficou mais próxima da porta, vendo outra prateleira.

Estava na loja de sapato quando um homem alto chegou tão perto de mim que eu me assustei. Na hora, disse: 'Nossa, que susto. Pensei que fosse um assalto'. Nessa hora eu ouvi a seguinte frase dele: 'É justamente por isso que eu estou aqui. Você está com um produto como este na sua bolsa". Ele me mostrou o produto que era e na mesma hora fiquei irada e abri minha bolsa. Não satisfeito em não ver nada na minha bolsa, ele me pediu para acompanhá-lo até a loja
Gabriela

A empresária e micropigmentadora voltou à loja para saber quem foi a pessoa que tinha feito a acusação. Como ninguém se manifestou, ela relata que jogou todas as suas coisas no chão, para provar aos funcionários que aquilo se tratava não de um furto, mas de um caso de racismo e de uma acusação indevida. Parte da ação foi gravada.

Trabalho graças a Deus e não preciso pegar nada de lugar nenhum. Isso é um constrangimento, porque quem rouba não passa pelo que eu estou passando. Quem rouba, leva e vocês não fazem porra nenhuma
Fala de Gabriela aos funcionários da loja

Gabriela ligou para o 190, e a Polícia Militar foi até o local após 30 minutos. Durante esse tempo, ela diz que a gerente da loja chegou a pedir desculpa para a empresária.

Trabalhei por muito tempo em uma multinacional onde era responsável por fazer o treinamento de funcionários para o atendimento de clientes e lidei com pessoas muito despreparadas. O que eu vivi, muitas pessoas vivem e não posso deixar esse caso para lá. Esse tipo de preconceito acontece o tempo inteiro, é uma luta que a gente tem que lutar, principalmente por aqueles que não tem instrução
Gabriela

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Loja pede desculpa

A loja pediu "imensas desculpas à cliente" e disse que demitiu a funcionária responsável. "Rio Bel tem orgulho de ser uma empresa que acredita na diversidade e, principalmente, se posiciona contra qualquer tipo de discriminação", disse a loja em comunicado publicado em suas redes sociais.

Uma de nossas atendentes, por iniciativa própria, solicitou que o segurança que não faz parte do corpo de funcionários da loja abordasse a cliente em questão. Atitude essa que foge totalmente do protocolo estabelecido em nossa empresa.

A atendente em questão foi imediatamente desligada do nosso quadro de colaboradores. Ao mesmo tempo providenciamos para toda a equipe um novo treinamento para que atos como esse não aconteçam novamente.
Rio Bel

Medidas legais

Gabriela registrou um Boletim de Ocorrência, que ficará pronto dentro dos próximos dias. Após finalizar o prazo de cinco dias, ela diz que vai buscar o documento e judicializar o caso.

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Nunca tinha passado por isso, ser acusada desta forma. Está sendo muito difícil digerir tudo que vivi. Por isso vou lutar judicialmente até o fim. Por mim e por todos que vivem esse tipo de preconceito.
Gabriela

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