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Cemitério colonial é encontrado na BA durante obra para construção de praça

Trabalhadores encontraram um cemitério colonial durante uma obra para construção de uma praça no município de Cachoeira, no Recôncavo Baiano, ao lado da Igreja Matriz.

O que aconteceu

Até o momento foram retirados mais de 800 fragmentos e 11 ossadas completas, informou a Conder (Companhia de Desenvolvimento Urbano da Bahia) nesta segunda-feira (18). O sítio arqueológico foi encontrado há alguns meses.

O cemitério encontrado em Santiago do Iguape, uma vila de pescadores, é datado entre os séculos 16 e 19. "Nossa expectativa era seguir com a construção da praça, mas a emergência de um sítio arqueológico tão significativo mudou tudo. Agora, a preservação dos achados é nossa prioridade", disse Olmo Lacerda, engenheiro da Conder.

Os fragmentos foram encontrados na fase de escavação da obra. A etapa segue o protocolo do Iphan (Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional), que exige uma análise de impacto arqueológico antes de qualquer obra em áreas de valor histórico.

Alguns itens serão enviados para a UFPI (Universidade Federal do Piauí). Eles passarão por análise detalhada no Laboratório de Osteoarqueologia para revelar suas origens e datas de sepultamento.

Os fragmentos foram encontrados na fase de escavação da obra
Os fragmentos foram encontrados na fase de escavação da obra Imagem: Divulgação

Ocupação pré-histórica

Também foram encontrados indícios de sambaquis, montes de conchas e restos de alimentos. Esses sambaquis são típicos de populações que dependiam da pesca e da caça, e sua presença na região ajuda a entender sobre a ocupação pré-histórica do Recôncavo Baiano.

"É um achado inédito para essa área", disse Bruna Brito, arqueóloga responsável pela escavação. "Os sambaquis, que geralmente são encontrados nas margens de rios e mares, indicam uma ocupação muito mais antiga do que a da colonização portuguesa", acrescentou.

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Segundo a Conder, o sítio arqueológico também abriga sepulturas indígenas ao lado de um cemitério cristão. "Isso revela uma história de ocupação e convivência complexa e multifacetada. Não se trata apenas de um cemitério cristão, mas de uma camada de história que inclui a presença dos primeiros habitantes da região, suas práticas culturais e os efeitos da colonização", observou a arqueóloga.