Conteúdo publicado há 7 meses

Mãe de suspeito negro amarrado com cordas pela PM critica: 'Não é porco'

A mãe de um homem negro que é suspeito de importunação sexual e foi flagrado sendo amarrado com cordas por policiais militares criticou a ação dos agentes no caso, ocorrido na tarde de ontem, no centro de São Paulo.

O que aconteceu

A mãe do rapaz disse que os policiais militares "jogaram [o homem] dentro da viatura" e "começaram a bater". "Eles [agentes] bateram muito, muito nele", afirmou sob anonimato ao SP2 (TV Globo).

A mulher comparou a ação com o trato a um "porco", já que as mãos e os pés do filho estavam amarrados para cima, e declarou que foi empurrada quando pediu que não amarrassem o homem, que não teve o nome divulgado.

Era um porco ali que eles estavam pegando, colocaram ele no chão, entendeu? Aí já veio outro [PM], já amarrou com uma corda. Eu falei: 'não faça isso que ele não é porco'. Aí foi na hora que a policial me empurrou.
Mãe de suspeito, em entrevista à TV Globo

Entenda o caso

Imagens divulgadas pelo jornalista Pedro Madeira, da Mídia Ninja, mostram policiais militares amarrando o homem com cordas no chão e em uma viatura na rua Santo Amaro, no bairro da Bela Vista, no centro. Algumas pessoas veem a ação e dizem "não pode bater, não".

Outros populares acusam duas mulheres de racismo. Segundo a Mídia Ninja, testemunhas disseram que o homem, que seria uma pessoa em situação de rua, teria reagido e ameaçado jogar uma pedra após ter sido chamado de "macaco" pelas mulheres.

Já a SSP-SP (Secretaria de Segurança Pública) informou que o homem foi preso por importunação sexual contra mulheres.

Ao UOL, a SSP disse que o homem estava agressivo e chegou a atingir uma mulher com uma pedra, além de ameaçar os policiais durante a ação.

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A pasta alega que o suspeito teria quebrado o vidro da viatura com chutes e foi "contido para preservar sua integridade física e das demais pessoas". O homem e as mulheres que teriam sido vítimas de importunação sexual foram encaminhados a unidades de saúde.

Após atendimento médico, todos os envolvidos foram conduzidos à 1ª DDM (Delegacia de Defesa da Mulher) e o caso foi registrado como lesão corporal, ameaça, resistência, dano e desacato. "A pedra utilizada foi apreendida e encaminhada para perícia e também foi solicitada perícia à viatura", informou a pasta.

O homem passou por audiência de custódia nesta sexta-feira (1º) e teve a prisão mantida pela Justiça, informou a TV Globo.

PM analisa as imagens

A Polícia Militar informou ao UOL que todas as circunstâncias relativas ao caso são apuradas pela corporação e as imagens já estão sob análise.

Já a Ouvidoria da Polícia do Estado de São Paulo afirmou, em nota, repudiar esse tipo de abordagem. Disse ainda que a ação "nada tem a ver com qualquer procedimento sobre abordagem que respeite a dignidade humana", informou o Estadão Conteúdo.

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Para a Ouvidoria, a ação descumpre a decisão judicial da 8ª Vara da Fazenda Pública de São Paulo — que determinou, em setembro, que a PM deixe de usar em abordagens cordas, arames, fios ou qualquer instrumento semelhantes para conter os suspeitos durante as prisões.

Em junho, um homem negro foi detido por policiais militares, sendo arrastado depois de ter os pés e as mãos amarrados com cordas na Vila Mariana, em São Paulo.

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