Polícia identifica homem que agrediu mulher achando que era trans em PE

A polícia identificou o homem que agrediu uma mulher em um restaurante no Recife por acreditar que ela fosse transsexual.

O que aconteceu

A Polícia Civil de Pernambuco confirmou ao UOL que uma ex-mulher do agressor o identificou. "A mulher realmente reconheceu o agressor como o ex dela e vai ser ouvida dentro das diligências do inquérito", informou em nota.

Ao todo, três ex-companheiras procuraram a vítima reconhecendo Antônio Fellipe Rodrigues Salmento de Sá como o agressor. "Como todos os dados eram coerentes entre si, levamos as informações às autoridades", afirmou ao UOL a advogada Juliana Serretti, que assessora a Comissão de Cidadania, Direitos Humanos e Participação da Assembleia Legislativa de Pernambuco, presidida pela deputada Dani Portela (PSOL).

Segundo a polícia, Antônio Fellipe Rodrigues Salmento de Sá foi identificado por uma ex-mulher
Segundo a polícia, Antônio Fellipe Rodrigues Salmento de Sá foi identificado por uma ex-mulher Imagem: Reprodução

Procurado por WhatsApp, Salmento de Sá não respondeu até a publicação desta reportagem.

Uma das ex-mulheres teria feito boletim de ocorrência contra ele. "Uma delas acionou a polícia porque ele tentou atirar nela. Ele tem histórico de violência contra mulher", diz Serretti.

A advogada quer que o caso seja tratado como transfobia. "Ainda que ela seja uma mulher cis, ele praticou ato de discriminação", afirmou.

Transfobia é um crime imprescritível e inafiançável. Somando as penas de transfobia e lesão corporal, o agressor perde o direito de trocar a prisão por pena alternativa.
Juliana Serretti, advogada

Ontem, a defensora formalizou o pedido ao delegado Diogo Bem. "Ele me disse que vai considerar todos os elementos que envolveu a violência e que vai explorar todos os caminhos possíveis", afirmou Serretti.

Continua após a publicidade
Mulher de 34 anos foi agredida em um restaurante de Recife
Mulher de 34 anos foi agredida em um restaurante de Recife Imagem: Arquivo Pessoal/Cedido ao UOL

Como foi a agressão

No dia 23, a mulher do agressor disse ao marido que uma "mulher trans" usava o banheiro do restaurante Guaiamum Gigante. O homem levantou da mesa com a esposa e um primo e ficou esperando na porta do banheiro até a mulher sair.

Ele perguntou à vítima se ela era homem ou mulher. Quando a vítima questionou o motivo da pergunta, o homem respondeu que ela estava no "banheiro errado" e desferiu um soco no rosto da mulher, contou o publicitário e amigo dela, Hilário Júnior. O soco foi tão forte que quebrou os óculos da vítima.

Vídeos registraram a confusão. As imagens mostram o suspeito sendo contido por clientes e funcionários do restaurante após a vítima gritar.

Ao descobrirem que ela não era uma mulher trans, o restaurante tentou apaziguar. Segundo o amigo, "não queriam que o movimento fosse prejudicado na antevéspera do Natal", disse.

Continua após a publicidade

Salmento de Sá fugiu depois de retirado do estabelecimento pelos próprios seguranças do restaurante, segundo a advogada e o amigo da vítima.

O restaurante nega. Em nota, alega que "cuidou em promover a imediata retirada do agressor do ambiente, de modo a resguardar a integridade física e psicológica da pessoa agredida e demais clientes".

Preconceito contra LGBTQIA+ é crime

Em 2019, o STF decidiu que homofobia e transfobia devem ser punidas pela Lei de Racismo. A pena varia de um a três anos além de multa, podendo chegar a cinco anos se houver divulgação em meios de comunicação.

Para denunciar casos de homofobia no Brasil, disque 100. Ao presenciar agressão contra mulheres, ligue 190.

Também é possível denunciar pelo número 180 — Central de Atendimento à Mulher. O Disque 100 apura violações aos direitos humanos.

Continua após a publicidade

Casos de violência doméstica costumam ser praticados por parceiros ou ex-companheiros. A Lei Maria da Penha, porém, pode ser aplicada a agressões cometidas por outros familiares.

O Brasil foi país que mais matou transsexuais em 2022. Foram 131 mortes em um ano, segundo a Associação Nacional de Travestis e Transexuais (Antra).

Deixe seu comentário

O autor da mensagem, e não o UOL, é o responsável pelo comentário. Leia as Regras de Uso do UOL.