Escolta com PM, anotações e granada: como foram prisões anteriores de Zinho
Identificado pela polícia como líder da maior milícia do Rio, Zinho foi preso em outras duas ocasiões antes de se entregar à PF no domingo.
O que aconteceu
Zinho foi preso pela primeira vez há dez anos por porte ilegal de granada e arma de fogo. Mas só foi detido sob a acusação de integrar a milícia dois anos depois.
Prisão por relação com milícia ocorreu em 2015. Luís Antonio da Silva Braga, o Zinho, cortava o cabelo em uma barbearia quando foi preso pelo crime de participação em milícia armada. Do lado externo, os agentes prenderam outras duas pessoas em um Amarok preto, acusadas de fazer segurança armada para o miliciano. A ação ocorreu no bairro Paciência, zona oeste carioca e reduto da maior milícia do Rio.
A escolta era feita por um PM à paisana. O então PM Fabiano da Cunha Lamarca estava com Renan Ribeiro Vieira, conhecido como Bomba, em uma caminhonete de cabine dupla, segundo a Polícia Civil. Com eles, os agentes apreenderam duas armas ilegais e munição. As defesas de Zinho, Fabiano e Renan não foram localizadas.
A polícia apreendeu um caderno "com anotações típicas de grupos milicianos". Os policiais civis também encontraram cerca de R$ 2.500 em dinheiro vivo com os suspeitos de fazer segurança para Zinho, que não estava armado, segundo denúncia do Ministério Público.
Um dos policiais civis disse que Zinho confirmou que os homens faziam a sua segurança. "Renan e Fabiano afirmaram que o patrão estaria na barbearia", contou o agente à Justiça. Na época, Zinho era investigado por supostamente fazer a lavagem do dinheiro obtido pela milícia com empresas de terraplanagem.
Zinho já foi liberado de delegacia após pagar R$ 20 mil de propina. Em 2017, ele foi levado por policiais enquanto estava em um carro avaliado em R$ 400 mil em um terreno de obras por suspeita de crime ambiental. Mas fez o pagamento para ser liberado em seguida.
O caso motivou a condenação de agentes públicos. Dois delegados e outros cinco policiais foram condenados a penas de três a 53 anos de prisão por chefiarem uma organização para prática de atividade criminosa, extorsão mediante sequestro, usurpação de função pública e corrupção.
Como Zinho chegou ao poder
Irmão de Zinho chefiava milícia nas vezes em que ele foi detido. A milícia foi chefiada por Carlos Alexandre da Silva Braga, o Carlinhos Três Pontes, até abril de 2017, quando ele foi morto em uma operação policial.
Ecko foi o primeiro sucessor. Wellington da Silva Braga, o Ecko, outro irmão de Zinho, assumiu o controle do grupo em seguida. Assim como Carlinhos Três Pontes, Ecko também foi morto em uma operação policial em junho de 2021.
Morte de Ecko desencadeou disputa por poder. Ainda que Zinho fosse o "herdeiro" no comando do grupo paramilitar, outras pequenas milícias, que até então estavam unidas, passaram a tentar tomar o poder do grupo chefiado por Zinho. A guerra por poder motivou uma aliança entre milícia e o Comando Vermelho e foi responsável por mais de 50 mortes só neste ano, segundo investigações da Polícia Civil.
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