MS: o que explica a temperatura cair 17°C em 30 min com tempestade de areia
A queda brusca de temperatura (quase 17 graus de uma vez, em 30 minutos), aliada a rajadas de ventos muito fortes (de até 80 km por hora) e uma repentina tempestade de areia assustaram ontem (21) moradores de cidades como Dourados, Ponta Porã, Iguatemi e Sidrolândia, em Mato Grosso do Sul. Mas, afinal, o que foi o fenômeno que causou essas mudanças no clima?
O que se sabe
Meteorologistas ouvidos pelo UOL explicam que o que ocorreu não foi causado por um único fenômeno, mas uma conjunção de eventos climáticos, potencializados por uma frente fria continental, que resultaram nos efeitos observados nessas cidades. Apesar de não ocorrerem com frequência, quedas bruscas de temperatura como a registrada ontem são relativamente comuns.
Ontem, o Inmet emitiu um aviso de tempestade vermelho para o sul do Mato Grosso do Sul. O centro-oeste do país passou por um período com temperaturas elevadas (onda de calor). A queda de temperatura esteve associada à passagem de um sistema frontal com um forte gradiente de pressão, que provoca ventos fortes.
Isso favoreceu o rápido deslocamento da massa de ar frio que segue na retaguarda da frente fria. Como a trajetória da massa de ar frio foi mais continental, passando pelo centro e norte da Argentina, ela manteve as suas características de ar frio, Ernesto Alvin Grammelsbacher, meteorologista do Inmet.
Os ventos fortes provocados por esse deslocamento favoreceram a formação da tempestade de areia que avançou sobre algumas cidades. A tempestade de areia é um evento natural originado pela movimentação de partículas de solo e rocha em suspensão na atmosfera.
Sua ocorrência é desencadeada por fatores naturais, como áreas com climas áridos, como a região do Mato Grosso do Sul onde ocorreram tempestades de areia ontem, além de influências humanas, como o desmatamento crescente.
A diferença de densidade do ar frio (mais pesado) com o ar quente (menos denso) provoca o levantamento deste ar da superfície, gerando nuvens com topos elevados, fenômeno chamado de linha de instabilidade.
A dinâmica destas nuvens de topos elevados é trazer o ar frio dos altos níveis da atmosfera para a superfície, formando as rajadas de vento forte como as observadas em Dourados. A associação de todos esses fenômenos favoreceu o rápido e acentuado declínio da temperatura observado em um curto período de tempo.
Ernesto Alvin Grammelsbacher, meteorologista do Inmet.
Josélia Pegorim, meteorologista do Climatempo, explica que a frente fria de ar polar que provocou os eventos no Mato Grosso do Sul é a mesma que derrubou a temperatura na cidade de São Paulo, que causou a ventania no Rio Grande do Sul ontem, e que está intensificando as chuvas no estado do Rio de Janeiro.
Essa é uma frente fria que chamamos de continental. Então o ar frio de origem polar consegue entrar pelo interior do continente. E por isso esse vento frio de origem polar conseguiu chegar ao estado de Mato Grosso do Sul. Então você tem a entrada de ar frio com aumento de nebulosidade e chuva, que provocou essa queda de temperatura muito acentuada. Josélia Pegorim, meteorologista do Climatempo.
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