Salvador é a capital com piores taxas de pobreza, violência e desemprego
Um estudo divulgado hoje, que mede indicadores sociais nas 26 capitais brasileiras, mostra a cidade de Salvador (BA) em último lugar em índices de renda, emprego e segurança pública.
O que aconteceu
Salvador foi a última colocada do país em 7 dos 40 indicadores sociais analisados pelo Mapa das Desigualdades entre as Capitais. O estudo, divulgado pela primeira vez pelo ICS (Instituto Cidades Sustentáveis), fez comparações entre as 26 capitais estaduais — Brasília não fez parte do levantamento.
A capital baiana teve os piores índices de renda, emprego e segurança. O estudo, que usa os dados públicos mais recentes em cada indicador, mostra a cidade no fim da lista em PIB per capita, desnutrição infantil, população abaixo da linha da pobreza, taxa de desocupação e jovens vítimas de homicídio, entre outros.
Salvador tem dez vezes mais pessoas abaixo da linha da pobreza em relação a Florianópolis (SC), dona da menor taxa. Enquanto a capital baiana tem 11,15% da população vivendo com US$ 1,90 por dia (R$ 9,45 no câmbio atual), a cidade catarinense tem 1,10% dos habitantes nessa faixa de renda.
A capital baiana tem os piores números de desnutrição infantil. Dados do SUS, colhidos pelo estudo, mostram que 4,03% das crianças de até 5 anos na cidade estavam desnutridas em 2021, ano do dado mais recente. Em Teresina (PI), líder nacional no quesito, essa taxa foi de 0,44%.
Salvador apresentou as piores taxas de desocupação. Com base em dados do IBGE, de 2023, o estudo aponta 16,7% da população acima de 14 anos da cidade em condição de desemprego, contra 3,4% em Campo Grande (MS), líder no quesito.
Os índices de violência também colocam a capital baiana nas últimas posições. Em 2021, Salvador foi a capital com a segunda maior taxa de homicídios, atrás de Macapá (AP), e a primeira em homicídios de jovens, de 15 a 29 anos. Nesse caso, o índice foi de 332,75 jovens mortos a cada 100 mil habitantes. Na capital paulista, esse índice foi de 7,6 no mesmo ano.
Lamentavelmente, Salvador tem chamado atenção por índices ruins, mesmo sendo governada por gestões que supostamente investem mais em questões sociais. A cidade tem regiões onde a pobreza é alta e os níveis de moradia e saúde são muito precários, o que alimenta distúrbios como a violência urbana. Isso reduz perspectivas de futuro e cria um ciclo perverso
Jorge Abrahão, coordenador-geral do Instituto Cidades Sustentáveis
Com desemprego em alta, periferia depende de benefícios
A crise econômica tem deteriorado a vida da população de Salvador, especialmente na periferia. Roseana Souza das Neves, 38, mora bairro São João do Cabrito, no chamado subúrbio ferroviário da cidade. Ouvida pelo UOL, ela relata ter dificuldade para encontrar emprego nos últimos anos.
Roseana é solteira e mora com os dois filhos, de 6 e 4 anos. Ela afirma que tem vivido exclusivamente do Bolsa Família, de R$ 600, e que conta com as refeições que a filha mais velha, Thayllane, recebe na escola, mas que esse auxílio é insuficiente. "Isso alivia o bolso, mas o menino [o filho mais novo] fica só um turno. Sem contar que falamos de escola pública, que passa meses sem aula", diz.
A moradora vive em uma região que, em dias de chuva forte, a maré sobe e a casa fica alagada. Ela afirma que o problema é crônico e as denúncias são frequentes, mas não há solução.
Aqui na comunidade, a casa de todo mundo alaga quando chove. A gente chama a reportagem [imprensa], porque é sempre um drama, mas ninguém dá jeito
Roseana Souza das Neves, moradora do bairro São João Cabrito, em Salvador (BA)
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