Governo gastou ao menos R$ 2,3 milhões em recaptura de fugitivos de Mossoró

O governo Lula (PT) gastou ao menos R$ 2,3 milhões na operação de recaptura dos dois presos que fugiram da penitenciária federal de Mossoró (RN).

O que aconteceu

Valor total é ainda maior. Os dados compilados são do Ministério da Justiça e da Segurança Pública e da Polícia Federal. Foram solicitados pelo UOL por meio de LAI (Lei de Acesso à Informação). O ministério estimou os valores desde 15 de fevereiro, dia seguinte à fuga, até 19 de março, ou seja faltam números até abril. Na PF, foram de 15 de fevereiro a 27 de março, quando as buscas locais foram encerradas. Também faltam os gastos de PRF e Força Nacional, mas os gastos com os servidores está computado.

Os dois detentos foram presos ontem (4), após 50 dias. Eles foram encontrados em Marabá (PA), a cerca de 1.600 km de Mossoró. Foi a primeira fuga de um presídio de segurança máxima do país e a primeira crise da gestão de Ricardo Lewandowski.

O Ministério da Justiça montou uma força-tarefa especial. Ao todo, foram empenhados cerca de 500 agentes, entre PF, Polícia Rodoviária Federal e Força Nacional. Os valores são separados por força de segurança.

Pasta de Lewandowski gastou pelo menos R$ 1,6 milhão

O Ministério da Justiça e Segurança Pública gastou mais de R$ 1,6 milhão. Os dados estão atualizados até 19 de março. Este valor se refere aos cem agentes contratados extraordinariamente e aos funcionários da pasta e suas secretarias que foram deslocados para o Rio Grande do Norte.

Os custos envolvem diárias e passagens de servidores, combustível de automóveis e diárias de agentes. Os gastos somados se dividem em:

  • R$ 1.202.366,43 em diárias de agentes;
  • R$ 166.774,32 em abastecimento de viaturas;
  • R$ 130.845,60 em passagens aéreas;
  • R$ 103.914,44 em planos de saúde.

PF gastou quase R$ 700 mil

Já a Polícia Federal gastou cerca de R$ 670 mil até as buscas locais serem finalizadas. Depois disso, passou a ser feito um trabalho com agentes de inteligência. Os montantes estão divididos entre os gastos da superintendência regional e os investimentos globais, deslocados para a operação. São eles:

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  • R$ 391.199,31 da Superintendência Regional da PF no Rio Grande do Norte;
  • R$ 273.852,93 da Superintendência Nacional da PF;
  • R$ 4.650 em combustível de helicóptero.

O UOL requereu ainda os gastos da PRF durante a busca, mas não teve resposta até a última atualização deste texto. O pedido está dentro do prazo da lei.

Como foram as buscas

Inicialmente, agentes federais e estaduais concentraram as buscas num raio de 15 km de distância do presídio. O ministro Ricardo Lewandowski anunciou em 19 de fevereiro o emprego de mais cem agentes da Força Nacional. A corporação saiu da área em 29 de março.

Secretarias da Segurança de três estados anunciaram que estavam atuando juntas para fiscalizar divisas. Rio Grande do Norte, Paraíba e Ceará aumentaram o policiamento terrestre e aéreo da região. A Interpol também foi alertada.

Roupas e pegadas foram encontradas por equipes da força-tarefa dois dias depois da fuga. Calçados e camisetas suspeitas foram localizados em uma área rural de Mossoró. Com isso, as buscas se intensificaram na região.

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No total, 14 pessoas foram presas por suspeita de ajudar os fugitivos — incluídos os quatro homens detidos na captura de ontem e os dois fugitivos. Na primeira semana de buscas, duas pessoas foram presas em flagrante e outra preventivamente. Em 22 de fevereiro, a PF cumpriu nove mandados de busca e apreensão nas cidades de Mossoró, Quixeré (CE) e Aquiraz (CE).

Rogério da Silva Mendonça (à esq.) e Deibson Cabral Nascimento fugiram de presídio federal
Rogério da Silva Mendonça (à esq.) e Deibson Cabral Nascimento fugiram de presídio federal Imagem: Arte UOL

Presos voltam para Mossoró

Após a captura, Lewandowski afirmou que os dois voltarão para Mossoró. Eles ficarão separados na cadeia, que foi "totalmente reformulada". "Haverá inspeção diária e a direção foi trocada. De lá, certamente não se evadirão [de novo]", afirmou o ministro em entrevista no Palácio da Justiça, após a captura.

Reformas nas unidades federais. Segundo o secretário nacional de Políticas Penais, André Garcia, não só a unidade de Mossoró como as outras quatro prisões federais passaram por reformas desde a fuga. "Trocamos o sistema de iluminação e 10 mil câmeras foram adquiridas", afirmou o secretário. "O sistema penitenciário federal não é mais o mesmo desde a data [da fuga]."

Prazo para captura dos fugitivos foi razoável, segundo o ministro. "Diria que segue os paradigmas internacionais de localização de fugitivos de penitenciárias. Não chegamos a dois meses. Um país de dimensões continentais, o local onde eles se refugiaram era um local de mata", disse Lewandowski, sobre as dificuldades nas buscas.

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