SP: Polícia pede prisão preventiva do motorista do Porsche que matou homem
A Polícia Civil de São Paulo pediu a prisão preventiva de Fernando Sastre de Andrade Filho, 24, condutor do Porsche que colidiu contra um Sandero e matou um motorista de aplicativo na madrugada do último domingo (31).
O que aconteceu
Delegado argumenta que motorista tem "poder aquisitivo elevado" e pode ameaçar ou subornar testemunhas. Nilson Alves, do 30º DP (Tatuapé), afirma no pedido que o homem poderia forjar provas em seu favor e fugir. Andrade Filho vem de uma família de empresários que atua no ramo imobiliário e é sócio em duas empresas, segundo a polícia.
Outro lado: O UOL entrou em contato com a defesa de Andrade Filho e aguarda retorno. Os advogados têm dito que ele não fugiu e só deixou o local com autorização dos policiais militares que atendiam a ocorrência e que é "prematuro" julgar as causas do acidente, já que os laudos periciais não foram concluídos. Ele se apresentou à polícia na tarde de segunda-feira (1º), 38 horas após ter deixado o local do acidente.
Andrade Filho praticou crime de "extrema gravidade", disse ainda o delegado no pedido à Justiça. Além da morte de Ornaldo da Silva Viana, 52, único ocupante do Sandero, a batida deixou Marcus Vinicius Rocha, amigo do motorista do Porsche, ferido em estado grave.
Polícia argumenta ainda que Andrade Filho fugiu do local acidente e, segundo testemunhas, estaria visivelmente embriagado. O documento menciona também que ele já teve sua carteira de habilitação suspensa por desrespeito às normas de trânsito, podendo vir a praticar novamente outro delito de trânsito. "Há que se falar que [o caso] causou o clamor público, deixando a sociedade indignada", completa o delegado.
Ministério Público deu parecer favorável à prisão. Caso Justiça não acolha o pedido de prisão, o órgão pede que a CNH dele seja suspensa e o passaporte apreendido. O MP solicitou ainda que juiz estipule fiança de R$ 500 mil para o caso, "em virtude da alta capacidade financeira do investigado".
Justiça negou pedido de prisão temporária logo após o acidente. A juíza plantonista Fernanda Helena Benevides Dias reconheceu a "gravidade dos fatos" e disse ser possível verificar a alta velocidade com que Andrade Filho dirigia, mas escreveu que a polícia não justificou os requisitos legais necessários para que a medida fosse decretada.
O que se sabe sobre o caso
Acidente aconteceu na avenida Salim Farah Maluf, zona leste de São Paulo. Testemunhas contaram à polícia que Andrade Filho fez uma ultrapassagem em alta velocidade, perdeu o controle e colidiu com traseira do Sandero.
Motorista negou ter bebido e disse que estava "um pouco" acima do limite de velocidade permitido na via, que é de 50 km/h. Um perito ouvido pela coluna de Paula Gama no UOL afirmou que o Porsche estava a mais de 130 km/h.
Namorada de passageiro disse que Andrade Filho bebeu e estava 'alterado'. Em depoimento à polícia, ela disse que o homem foi aconselhado a não dirigir pela namorada. Os dois casais jantaram naquela noite e foram a uma casa de pôquer depois. A defesa diz que ele estava alterado por causa da discussão com a namorada. Uma testemunha do acidente diz que Andrade Filho cambaleava e tinha voz pastosa.
O motorista de aplicativo foi socorrido, mas não resistiu aos ferimentos. Ele foi levado pelo Corpo de Bombeiros ao Hospital Municipal do Tatuapé, onde deu entrada com quadro de parada cardiorrespiratória. A morte, segundo o médico que o atendeu, ocorreu devido a traumatismos múltiplos.
Passageiro do Porsche está na UTI e precisou retirar o baço. Ele estava no banco de passageiro do automóvel. Segundo a namorada, Rocha decidiu acompanhar o amigo para que ele não fizesse nada de errado na direção. Ela e a companheira de Andrade Filho estavam em outro veículo.
Mãe de Andrade Filho foi ao local do acidente e o levou embora. Daniela Cristina De Medeiros Andrade informou aos policiais que levaria o filho ao hospital devido ao leve ferimento que ele apresentava na região da boca. Eles foram até o local indicado para realizar o teste do bafômetro, mas o motorista não foi encontrado. Em depoimento à Polícia Civil, ela disse que não levou filho a hospital porque se medicou e dormiu.
A Polícia Militar informou que vai averiguar um "possível erro operacional" no caso. A Ouvidoria enviou ofícios para averiguar atuação de agentes envolvidos na ocorrência.
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