Porsche: Mãe diz que não levou filho a hospital porque se medicou e dormiu
A mãe de Fernando Sastre de Andrade Filho, 24, motorista do Porsche que colidiu contra um Sandero e matou um motorista de aplicativo em ação flagrada em vídeo na madrugada de domingo (31) em São Paulo, disse em depoimento que não levou o filho ao hospital por ter dormido após tomar um relaxante muscular.
O que ela disse
Mãe de motorista de Porsche diz ter chegado ao local do acidente antes da PM. À Polícia Civil, Daniela Cristina de Medeiros Andrade, 45, disse que ficou sabendo do episódio ao ligar para o celular do filho ao perceber que o aparelho estava parado no mesmo local. Após ser informada da colisão por um homem que atendeu a ligação, Daniela disse ter ido até a avenida Salim Farah Maluf, zona leste da capital paulista, onde ocorreu a colisão. Contudo, a PM ainda não havia chegado, disse ela.
Condutor de Porsche "estava atordoado e sem saber o que havia acontecido", disse mãe. Em depoimento, Daniela disse que Fernando Sastre de Andrade Filho estava em estado de choque e se queixava de dores.
Mãe de Fernando nega fuga e diz que saiu do local do acidente com autorização da PM ao argumentar que levaria filho ao hospital. Ela disse ainda que o motorista do Porsche antes deu a sua versão sobre a colisão e que ela deixou o número do seu celular com os agentes. Em nota, a defesa de Fernando já havia negado fuga do local do crime. A PM apura possível erro de dois policiais que atenderam a ocorrência, que teriam permitido que o motorista que causou o acidente deixasse o local.
Daniela disse ter ido até a casa de Fernando antes de procurar atendimento médico. Ela disse que mudou de ideia porque a casa do seu filho fica perto do local do acidente. Foi nesse momento que ela disse ter tomado relaxante muscular na casa do filho porque "estava muito nervosa". Lá, disse que ela e seu filho decidiram tomar banho porque estavam muito sujos. Fernando, porque estava deitado em via pública após o acidente. E ela, por ter se ajoelhado para socorrê-lo.
Daniela disse ter esquecido celular no carro para explicar por que não atendeu ligações da PM para que o motorista fizesse o teste do bafômetro. Ao retornar as chamadas, disse que o agente queria saber onde ela estava, pois não a havia encontrado no hospital. Em seguida, combinaram que se encontrariam em outra unidade hospitalar. Mas Daniela disse ter desistido de buscar atendimento ao filho para dormir devido ao efeito do medicamento. "Percebi que estava sem condições de pegar o veículo e ir até o hospital", disse.
Os policiais disseram ter ido ao hospital para colher o depoimento e fazer teste do bafômetro, mas foram informados de que ele não deu entrada em qualquer unidade da rede. A polícia foi até a casa da família e tentou contato com mãe e filho por telefone, mas sem sucesso. Em depoimento, Fernando negou ter ingerido bebida alcoólica, mas admitiu que dirigia em velocidade acima do permitido.
Ao acordar por volta das 9h30, verificou mensagens em suas redes sociais dizendo que Fernando é um "assassino, bandido e playboy" (...). Temendo por sua integridade e, principalmente, de seu filho, decidiu não ir para o hospital e tentou ligar novamente para o policial.
Trecho do depoimento de Daniela à Polícia Civil
O que se sabe sobre o caso
Testemunhas contaram à polícia que Fernando Andrade Filho fez uma ultrapassagem em alta velocidade. O limite da via é de 50 km/h. O Porsche 911 Carrera GTS ano 2023 é avaliado em R$ 1,3 milhão, segundo a tabela Fipe. De acordo com o boletim de ocorrência, o veículo não tem seguro. O automóvel tem velocidade máxima de 311 km/h e leva 3,4 segundos para ir de 0 a 100 km/h.
O passageiro de 22 anos do Porsche ficou ferido. Ele foi encaminhado ao Hospital São Luiz do Tatuapé e não há informações sobre seu estado de saúde.
Condutor é de família de empresários do ramo imobiliário e cursou engenharia civil na Universidade Presbiteriana Mackenzie. A defesa dele afirmou que Fernando estava "em estado de choque".
Carro está registrado em nome de empresa do pai do motorista. O veículo consta como propriedade da F. Andrade, empresa cujo dono é Fernando Sastre de Andrade, pai do condutor. Aberta desde 1993, segundo a Receita Federal, a empresa atua no comércio de materiais de construção.
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