Mortes pela polícia preocupam, mas confrontos acontecem, diz chefe do MPSP
Do UOL, em São Paulo
18/04/2024 21h25Atualizada em 18/04/2024 21h40
Recém-empossado procurador-geral de Justiça de São Paulo, Paulo Sérgio de Oliveira e Costa classificou como "preocupantes" as mortes registradas em operações policiais no estado. Ele também admitiu que os confrontos em comunidades são indesejáveis, mas "acontecem". A declaração foi dada em entrevista ao jornal O Globo.
O que disse o chefe do MP
'Você não pode deixar o Estado não fazer nada', defende. Costa citou a Operação Escudo, que, segundo o chefe do MPSP (Ministério Público de São Paulo), surgiu quando o Estado foi "confrontado pelo crime organizado". A ação na Baixada Santista deixou 28 mortos no ano passado. "Lamentavelmente, o tráfico de entorpecentes está absolutamente presente em algumas comunidades. E quando a polícia vai agir nessas comunidades, acontece, às vezes, o indesejável — o confronto", justificou.
Costa diz querer fortalecer a fiscalização das polícias. Ele lembrou que, no caso da Operação Verão, também no litoral paulista, o MP acionou o Gaesp (Grupo de Atuação Especial da Segurança Pública e Controle Externo da Atividade Policial) para apurar denúncias de abuso. A ação — a mais letal desde o massacre do Carandiru, em 1992 — deixou 56 mortos em 58 dias neste ano. "Quando houver abuso, nós temos que ser muito firmes e muito rigorosos em relação a isso", afirmou o procurador-geral.
Chefe do MP fala em priorizar o combate ao tráfico de drogas. "Trata-se de um crime contra a saúde pública", disse Costa, acrescentando que quer firmar relações com outros órgãos para dar apoio ao Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado) e equipá-lo com as ferramentas necessárias para investigar esses casos. "Nós vamos dar prioridade ao combate ao tráfico de entorpecentes".
É muito preocupante [a quantidade de mortes pela polícia]. Sabe por quê? A Operação Escudo surgiu a partir do momento em que o Estado foi confrontado pelo crime organizado. Lamentavelmente o tráfico de entorpecentes está absolutamente presente em algumas comunidades. E quando a polícia vai agir nessas comunidades, acontece, às vezes, o indesejável, o confronto.
Paulo Sérgio de Oliveira e Costa, do MPSP, ao jornal O Globo
Apoio de Sarrubbo e posse
Costa tinha o apoio do antigo chefe do MPSP, Mário Sarrubbo. Nos bastidores, sua indicação também era defendida pelo ministro Alexandre de Moraes, do STF (Supremo Tribunal Federal), de quem é próximo. Ele também é muito amigo de Gilberto Kassab, secretário de Governo e Relações Institucionais de São Paulo.
Procurador-geral foi escolhido por Tarcísio nesta semana. A nomeação de Paulo Sérgio de Oliveira Costa ao cargo, que tem mandato de dois anos, foi publicada no último dia 15 no Diário Oficial do estado. O novo chefe do MPSP tomou posse na quarta-feira (16).
Novo chefe do MPSP tem 63 anos, sendo 38 de carreira. É pai de duas advogadas e tem uma neta de oito anos.
(Com Estadão Conteúdo)