Após 28 mortes, SP anuncia fim da operação no Guarujá e nega abusos da PM

O secretário de Segurança, Guilherme Derrite, afirmou que a Operação Escudo termina nesta terça-feira (5). O anúncio foi feito em entrevista coletiva realizada na sede da Secretaria de Segurança Pública de São Paulo. Para ele, não houve abuso por parte da Polícia Militar. A operação deixou um saldo de 28 mortos.

O balanço de 40 dias da operação é muito positivo. Tivemos um número de prisões e apreensões de drogas jamais visto. Todo nosso cronograma estratégico foi cumprido
Guilherme Derrite, secretário de Segurança

O que aconteceu

Operação Impacto recomeça na Baixada Santista nesta quarta-feira (6). Segundo Derrite, ação iniciada em 25 de junho será retomada, manterá reforço de policiamento na região, com tropas do Batalhão de Choque, até início da Operação Verão. Policiais do interior que estavam no litoral voltarão a suas cidades de origem.

Secretário cita prisões e apreensões, mas não menciona número de mortes. No balanço dos 40 dias da Operação Escudo, Derrite mencionou as 958 prisões, destacou que 382 dos detidos eram foragidos e lembrou as 117 armas de fogo e 967 quilos de drogas apreendidos. Após ser questionado, ele disse que os 28 mortos na ação eram suspeitos que resistiram à prisão e morreram em trocas de tiros.

Derrite nega abusos. "Nenhum laudo do IML aponta sinal de execução ou tortura. Isso não foi apontado e temos como comprovar por trabalho da polícia científica", disse ele. "Órgãos responsáveis não receberam qualquer tipo de denúncia relacionada a Operação Escudo. Caso haja encaminhamento, será devidamente apurado", afirmou secretário.

Missão foi cumprida e nós não nos permitiremos que crime organizado tente atentar contra o Estado na figura de seus policiais
Guilherme Derrite, secretário de Segurança

Além de Derrite, outras autoridades participaram do anúncio. Entrevista coletiva contou com a presença do delegado geral de polícia Artur Dian, do secretário adjunto Osvaldo Nico, do coronel Cassio Freitas (comandante geral da PM paulista) e Claudinei Salomão, superintendente da polícia técnico-científica de São Paulo.

Operação foi a mais letal em mais de 30 anos

Operação Escudo foi a mais letal da polícia paulista desde Massacre do Carandiru, em 1992, que terminou com 111 mortos. Ao todo, 28 pessoas morreram em consequência da ação iniciada no último dia 28 de julho, após a morte do soldado Patrick Bastos Reis, no Guarujá, no dia anterior.

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Moradores da Baixada Santista dizem que boa parte dos mortos durante a Operação Escudo não trocaram tiros com a polícia, ao contrário do que afirmam as autoridades. Conforme o MP-SP, apenas três das 16 primeiras mortes tiveram registros de confronto flagrados pelas câmeras corporais dos policiais envolvidos.

Relatório do Conselho Nacional dos Direitos Humanos (CNDH) apontou que a polícia cometeu abusos durante operação. Moradores identificaram policiais encapuzados e sem câmeras corporais invadindo casas e destruindo barracos sem ordem judicial.

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