Justiça torna réus PMs por mortes de dois homens em falso confronto em GO
O Tribunal de Justiça de Goiás tornou réus seis policiais militares do estado envolvidos em confronto simulado que resultou nas mortes de duas pessoas.
O que aconteceu
O TJ-GO acolheu denúncia apresentada pelo Ministério Público do estado. Os seis agentes do COD (Comando de Operações de Divisas) são acusados pelo crime de homicídio triplamente qualificado. Conforme o MP-GO, o caso é agravado pelo fato de os agentes não terem dado chances de defesa para as vítimas, e o motivo para o crime ter sido fútil.
PMs agiram de forma "dissimulada", segundo a denúncia. Os seis policiais teriam marcado encontro com as vítimas sem que as mesmas suspeitassem das "intenções homicidas" dos militares.
Justiça negou o pedido de prisão preventiva dos seis agentes. O TJ-GO também não acolheu o pedido do Ministério Público para que os policiais fossem afastados de suas atividades na Polícia Militar de Goiás.
Quem são os PMs que se tornaram réus:
- 1º Tenente Alan Kardec Emanuel Franco
- 2º Tenente Wandson Reis Dos Santos
- 2º Sargento Marcos Jordão Francisco Pereira Moreira
- 3º Sargento Wellington Soares Monteiro
- Soldado Pablo Henrique Siqueira e Silva
- Soldado Diogo Eleuterio Ferreira
Marcos João, Wandson, Wellington e Pablo Henrique tiveram participação ativa nas mortes dos dois homens. Enquanto Allan e Diogo auxiliaram na execução do crime, ainda segundo a denúncia apresentada pelo MP-GO e acolhida pela Justiça.
O UOL entrou em contato com a Polícia Militar de Goiás para pedir posicionamento, mas não obteve retorno. A reportagem não conseguiu contato com as defesas dos réus. Em ambos os casos, o espaço segue aberto para manifestação.
Entenda o caso
Uma ação da PM com suposta armação após o assassinato de dois homens foi gravada pelo celular de uma das vítimas sem que os agentes percebessem. Com base nas imagens registradas na tarde de 1º de abril nas proximidades do Setor Jaó, em Goiânia, a Polícia Civil indiciou seis PMs.
Eles respondem por duplo homicídio qualificado por dissimulação e por recurso que impossibilitou a defesa das vítimas. Os seis foram presos.
Em relatório encaminhado ao Judiciário, a Polícia Civil disse ter encontrado "grande dificuldade" em obter respostas da PM e do Instituto de Criminalística para concluir o inquérito. De acordo com o documento obtido pelo UOL, perícias nos celulares dos policiais, nos corpos das vítimas e no local do crime também só foram anexadas ao inquérito no fim de maio.
Delegado relatou entraves na notificação de suspeitos para a reprodução simulada do crime. As vítimas foram identificadas como Junio José Aquino Leite, 40, e Marines Pereira Gonçalves, 42.
O que mostra o vídeo
"Abre, ô, desgraça!", ordena um dos PMs. Ele aparece nas imagens no lado externo, em abordagem a pessoas em um veículo.
Em seguida, é possível ouvir tiros. Nesse momento, o celular cai e ouve-se o som da sirene da PM sendo acionada.
Newsletter
PRA COMEÇAR O DIA
Comece o dia bem informado sobre os fatos mais importantes do momento. Edição diária de segunda a sexta.
Quero receber"Mãos na cabeça!", repete um dos PMs. Então, são dados novos disparos. Os policiais atiraram quase 20 vezes durante a abordagem, segundo consta no boletim de ocorrência. Os dois homens mortos não aparecem com armas nas mãos nas imagens.
A Polícia Civil apura se o vídeo mostra PMs simulando armação. Um deles retira a arma de um saco plástico. O outro agente atira, simulando disparar na direção onde estava o PM no momento da abordagem.
Junio José Aquino Leite, um dos mortos na ação, era informante da própria PM. Ele havia delatado policiais por extorsão quando foi preso em 2020, segundo as investigações.
Deixe seu comentário
O autor da mensagem, e não o UOL, é o responsável pelo comentário. Leia as Regras de Uso do UOL.