Agentes do FBI vão à casa onde galerista americano foi assassinado no RJ

Agentes do FBI, a Polícia Federal dos Estados Unidos, visitaram nesta segunda-feira (1º) a casa onde o galerista norte-americano Brent Sikkema foi encontrado morto, no bairro Jardim Botânico, na zona sul do Rio.

O que aconteceu

Troca de informações entre Brasil e Estados Unidos. A Polícia Civil do Rio de Janeiro informou que realiza troca de informações com as autoridades dos Estados Unidos sobre o caso. Além de agentes do FBI, também estiveram hoje no local do crime: promotores dos EUA, policiais civis e membros do Ministério Público Federal. Brent tinha 75 anos e foi assassinado em 15 de janeiro deste ano, com 18 facadas.

Investigação do crime foi concluída em fevereiro. O ex-marido do galerista é suspeito de ter encomendado o assassinato do ex-companheiro. Daniel Sikkema foi indiciado como mandante da morte. Ele mora nos Estados Unidos e atualmente cumpre prisão domiciliar com uso de tornozeleira eletrônica por fraude no passaporte. Daniel é cubano e americano naturalizado.

Executor está preso. As investigações da DH (Delegacia de Homicídios) também apontam que o cubano Alejandro Triana Prevez foi o executor do crime. Ele confessou o crime durante depoimento e está preso desde janeiro.

A DH representou pela prisão preventiva de ambos e enviou o inquérito ao Ministério Público. Em abril, A Justiça do Rio de Janeiro pediu a extradição dos Estados Unidos de Daniel Sikkema. O Tribunal de Justiça do RJ encaminhou o pedido de extradição ao Ministério de Justiça. O pedido foi assinado pela juíza Tula Correa de Melo. A magistrada também recusou o pedido de revogação do mandado de prisão preventiva contra Daniel.

O UOL procurou o escritório do FBI para esclarecer o motivo da visita e entender se o órgão entrou nas investigações da morte de Brent Sikkema, mas não houve retorno. O texto será atualizado caso haja resposta.

O que diz a defesa de Daniel Sikkema

Daniel Garcia Carrera
Daniel Garcia Carrera Imagem: Reprodução/Facebook

Advogada de Daniel Sikkema diz que defesa foi impedida de ter acesso a detalhes da cooperação internacional. Fabiana Marques afirmou ao UOL que protocolou um pedido para obter informações junto ao Ministério Público Federal, mas o mesmo foi negado em primeira instância.

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Recurso foi protocolado, mas ainda não foi avaliado pelo MPF. "Tentamos acesso para participar enquanto defesa do Daniel Sikkema de todas as formas. Protocolando e recorrendo dos pedidos junto ao MPF. Recorremos até a Comissão de Prerrogativas da OAB-RJ pedindo apoio. É um absurdo estes atos serem realizados em cooperação Brasil/ EUA sem a participação da defesa de um dos denunciados", declarou a advogada.

Defesa quer acesso integral a todas informações já documentadas no processo. "É de suma importância a garantia da sua participação, por meio dos seus representantes, em todos os atos bem como o acesso integral a todos os elementos de informação já documentados no procedimento em questão, como forma de garantir a isonomia e a ampla defesa entre as partes envolvidas, garantindo assim a legitimidade das provas colhidas", diz um trecho do documento enviado do MPF.

Advogada diz que Daniel é inocente e que foi posto como réu mesmo sem ter envolvimento no caso. "A ausência de responsabilidade de Daniel pelo infeliz ato que ceifou a vida do pai do seu único filho, certo é que ele também foi, inequivocadamente, posto como réu na ação penal acima citada, sendo, portanto, imprescindível, a sua participação, na realização de todos os atos a serem realizados em investigações relacionadas, visto que Daniel é pessoa inegavelmente interessada na busca pela verdade real dos fatos".

A defesa de Daniel afirmou que segue comprometida em "esclarecer os fatos e assegurar sua liberdade". "Estamos plenamente comprometidos em defender os direitos e a inocência do Sr. Sikkema, trabalhando incansavelmente para garantir que todos os elementos e testemunhos sejam considerados de forma criteriosa e objetiva", escreveu a advogada Fabiana Marques.

O UOL tenta contato com a defesa de Alejandro Triana Prevez, apontado pela polícia como assassino. O espaço segue aberto para manifestação.

Galerista foi morto no Rio de Janeiro

O cubano Alejandro Triana Prevez confessou ter matado o galerista norte-americano Brent Sikkema
O cubano Alejandro Triana Prevez confessou ter matado o galerista norte-americano Brent Sikkema Imagem: Reprodução/Redes Sociais
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Brent Sikkema foi morto com 18 facadas dentro da própria casa, no Jardim Botânico. O cubano Alejandro Triana Prevez, de 30 anos, confessou ter cometido o crime.

Inicialmente, Prevez negou envolvimento e disse que sequer conhecia o galerista. Depois, mudou de versão, confessou o crime e apontou Daniel como o mandante. Alejandro disse à polícia que Daniel lhe prometeu 200 mil dólares para matar Brent.

A denúncia do Ministério Público do Rio de Janeiro diz que Alejandro havia trabalhado para o casal quando ainda morava em Cuba. Quando emigrou para o Brasil, em 2022, ele ficou desempregado e foi contratado por Daniel para matar o ex-patrão.

A denúncia do MP diz que, na noite do crime, Alejandro foi até a casa de Brent, certificou-se de que o americano estava sozinho e, usando as chaves fornecidas por Daniel, invadiu o imóvel. O cubano usou uma faca retirada de um faqueiro, na cozinha, para matar o galerista em sua cama, com várias facadas. Em seguida, ele lavou a arma e recolocou no faqueiro. Antes de deixar a casa, furtou 40 mil dólares e R$ 30 mil que estavam sobre uma cômoda.

Galerista e o ex-marido ficaram juntos por 15 anos. Eles passavam por uma separação conturbada, com brigas por divórcio milionário e pelo filho.

Brent disse que ex o impedia de conviver com o filho. Em mensagem a um amigo, o galerista explica que o tribunal dos EUA deu a custódia do filho ao cubano Daniel Sikkema. As mensagens foram obtidas pelo Fantástico.

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O galerista americano também havia excluído de seu testamento o ex-marido Daniel. A exclusão foi revelada pelo Fantástico. Brent tinha uma fortuna que incluía imóveis nos Estados Unidos, em Cuba e no Brasil.

A exclusão de Daniel do testamento, aconteceu em maio de 2022 e levou o ex-marido a entrar com ação de divórcio contra Brent na Corte Suprema do Condado de Nova York. Os dois estavam casados desde dezembro de 1993, mas já havia a separação de fato desde janeiro de 2022.

Brent era dono da Sikkema Jenkins & Co, uma das galerias de arte mais famosas de Nova York. Ele fundou a empresa em 1991, inicialmente na Wooster Street, no SoHo. Em 1999, a galeria migrou para a localização atual, na 530 West 22nd Street.

Brent começou a trabalhar com exposições artísticas e atuou como Diretor de Exposições no Visual Studies Workshop, em Rochester. Em 1976, o norte-americano abriu sua primeira galeria. A Sikkema Jenkins se dedica também à exposição de fotos, esculturas e instalações.

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