Ex-namorado de jovem atacada com soda cáustica encomendou o crime, diz MP
O ex-namorado de Isabelly Aparecida Ferreira Moro, a jovem de 23 anos atacada com soda cáustica, foi o mandante do crime. A informação consta na denúncia oferecida pelo MP-PR (Ministério Público do Paraná).
O que aconteceu
O MP-PR incluiu Marlon Ferreira Lemes, de 28 anos, como réu no processo. A informação foi divulgada nesta quarta-feira (3).
Provas foram obtidas após análise das mensagens do celular da autora do crime. Segundo a denúncia do MP, o ex-companheiro de Isabelly planejou o crime e, mesmo preso, convenceu a mulher a aderir ao plano e executá-lo.
Os áudios armazenados no celular demonstram que ele foi o mentor intelectual do crime. O denunciado já tem condenações por crimes anteriores. Ele foi preso preventivamente em 23 de fevereiro por roubo e uso de arma branca, crime pelo qual foi condenado recentemente em primeiro grau.
A Polícia Civil representou pela prisão preventiva do investigado e instaurou novo inquérito policial para apuração de sua conduta. O Ministério Público manifestou-se favoravelmente à decretação da prisão e, concluídas as investigações, ofereceu denúncia contra ele por tentativa de homicídio qualificado.
Ao UOL, a defesa de Marlon diz que entende que não houve tentativa de homicídio. "Não concordamos com qualquer tipo de crime ou conduta criminosa, mas também a acusação tem que vir no limite daquilo que realmente aconteceu. Não que seja exacerbado, uma vez que entendemos que não houve, de qualquer forma, tentativa de homicídio. Isso já está rechaçado dentro do próprio processo. Não há, então, qualquer conduta com natureza ou com dolo homicida praticada pelo Marlon", disse o advogado Igor José Ogar.
Autora do crime está presa
Em junho, o Ministério Público do Paraná denunciou a autora do crime. Débora Custódio, 22, confessou ter jogado soda cáustica no rosto da jovem na região central de Jacarezinho, no Paraná.
Denúncia foi oferecida por tentativa de homicídio qualificado. O MP, por meio da 1ª Promotoria de Justiça, adicionou as qualificadoras de uso de recurso que dificultou a defesa da vítima, motivo fútil (ciúmes), emprego de meio cruel e feminicídio (crime praticado conta mulher por razões da condição do sexo feminino).
MP também pediu que seja fixada uma quantia para a reparação dos danos materiais, morais e estéticos sofridos pela vítima. A denunciada está atualmente presa preventivamente (por tempo indeterminado) na Cadeia Pública de Santo Antônio da Platina.
Defesa de Débora diz discordar do teor da denúncia apresentada pelo MP. Os advogados Jean Campos e Laís Vieira consideraram que a denúncia "carece de elementos essenciais para uma adequada representação do ocorrido" após análise dos fatos e circunstâncias. Os defensores consideraram que a denúncia é "exagerada" e "movida por comoção social". "Buscaremos perante o tribunal do Júri a desclassificação do crime de homicídio para o crime de lesão corporal", afirma a defesa.
Advogados confirmam que o ex-namorado de Isabelly foi o mandante do crime. "Após uma análise minuciosa, confirmamos que os dados estão segundo as informações divulgadas anteriormente, evidenciando a participação efetiva do Sr. Marlon como autor intelectual do crime", afirmou nota enviada pelo escritório.
É importante destacar que nossa cliente agiu sob coação, executando o crime por medo e temor, sem ter outra alternativa. Continuamos empenhados na defesa de nossa cliente, buscando esclarecer todos os fatos e circunstâncias que envolvem este caso.
Jean Campos e Laís Vieira
Relembre o caso
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Quero receberDiligências foram feitas com ajuda de imagens de câmeras de segurança. Imagens do dia 22 de maio mostram Isabelly na rua após sair da academia. Ela é atacada por uma pessoa usando uma peruca loira.
Um dia após o crime, familiares da suspeita prestaram queixa sobre o desaparecimento dela. "Relataram que ela tinha desaparecido, não retornava para casa desde o dia dos fatos, que não era comum, porque ela era muito zelosa com os filhos", explicou a delegada Caroline Fernandes.
Buscas na casa da suspeita. No local, a polícia encontrou as roupas e a peruca usadas no dia do crime. "A avó [da suspeita] foi questionada e disse que tinha duas perucas em casa. Mas notou que uma havia sido levada pela neta, justamente na manhã que antecedeu o crime".
Mulher estava escondida em matagal desde o dia do crime. A Polícia Militar disse que ela foi encontrada após pedir socorro no pátio de um hotel do município e apresentou uma história incoerente, contando aos militares que era perseguida por homens.
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