'Assumiram risco de matar', diz pai de menino morto após choque em grade

A família de Guilherme de Moreira Silva, de 11 anos, que morreu eletrocutado em uma escolinha de futebol em São Fidélis (RJ) na noite de terça-feira (9), busca respostas e justiça.

O menino tomou uma descarga elétrica após encostar em uma grade energizada.

"Tenho de ser forte para cuidar de todos, mas tem momentos em que eu desabo. A mãe está desolada, sem comer desde o ocorrido", diz o pai, o engenheiro eletricista Cosme de Paula Silva, 45.

'Me ligou aos prantos'

O menino fazia aula de futebol havia pouco mais de dois meses. A escolinha fica no Espaço Cristo Rei. Assim que foi eletrocutado, Guilherme foi socorrido pelo seu professor e levado ao Hospital Armando Vidal, mas não resistiu e morreu.

Cosme, que trabalha em Belo Horizonte, soube o que tinha acontecido por meio de uma ligação de sua esposa, mãe de Guilherme.

Minha mulher me ligou aos prantos, pedindo que voltasse para casa pois tinha acontecido uma tragédia, mas não conseguia falar o que houve. Uma amiga pegou o telefone e informou que o Guilherme tinha sofrido um acidente, estava mal, hospitalizado e pediu para que eu voltasse para São Fidélis com cuidado. Nessa hora eu já suspeitava que o pior tinha acontecido.
Cosme de Paula Silva

Era noite, por volta de 21h30, quando Cosme conseguiu um Uber que o levou de Belo Horizonte a São Fidélis. "No meio do caminho, o [motorista do] Uber cansou e eu precisei assumir a direção. Cheguei por volta de 4h20, tinha várias pessoas na minha casa. Foi quando minha mulher me confirmou a terrível notícia que eu já suspeitava: a morte do meu filho."

Segundo a família, ninguém do espaço onde era realizado o treinamento procurou os pais para demonstrar solidariedade, apenas o professor, que socorreu e acompanhou o velório.

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Guilherme de Moreira Silva morreu após levar choque
Guilherme de Moreira Silva morreu após levar choque Imagem: Reprodução/Redes Sociais

'Assumiram o risco'

Agora, a família busca entender o que houve. "Acho que é culpa do dono do estabelecimento, pois sabiam do problema, tanto que até avisaram ao professor que tinham resolvido. Eles assumiram o risco de matar", diz Cosme.

Ele contou que soube que outra criança chegou a tomar um choque antes de seu filho, mas não precisou ser hospitalizada. O laudo pericial aponta a causa da morte como indeterminada, mesmo com as marcas de choque no corpo da criança, diz o pai.

O pai conta que Guilherme tinha o sonho de ser jogador de futebol, era torcedor do Flamengo e um menino querido por todos. "Tinha o sonho de ser jogador, era uma criança incrível, tinha muitos amigos, recebeu várias homenagens deles na internet e no velório, fizeram até camisa."

Além dos pais, Guilherme também deixa a irmã de 13 anos. "O velório foi lindo, apesar da tristeza. Eu tenho de ser forte para cuidar de todos, mas tem momentos em que desabo. A mãe está desolada, sem comer desde o ocorrido. Pretendo acompanhar todo o processo criminal, quero que seja feita justiça pelo meu filho."

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Ao UOL, a responsável pelo espaço Cristo Rei, onde ficava a escolinha de futebol, disse que "não havia cerca elétrica e nem qualquer fio desencapado. Foi uma tragédia", falou. Segundo a Polícia Civil, o caso foi registrado na 141ª DP (São Fidélis) e a investigação está em andamento para apurar as circunstâncias dos fatos.

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