Paciente de clínica morreu após agressões e coquetel de remédios, diz laudo
Laudo pericial do IML (Instituto Médico Legal) aponta que a morte do paciente Jarmo Celestino de Santana em clínica de reabilitação em Cotia, na Grande SP, foi causada por "trauma abdominal" após agressões e intoxicação pela ingestão de 11 fármacos psiquiátricos diferentes.
O que aconteceu
A Polícia Civil indiciou três pessoas pela morte do homem. Além de Matheus de Camargo Pinto, preso em flagrante após admitir em vídeo ter torturado o paciente, os proprietários da Clínica Terapêutica Efatá, Cleber Fabiano da Silva e Terezinha de Cássia de Souza Lopes da Conceição, também foram indiciados por homicídio doloso.
Morte foi decorrente de pancadas no abdômen e superdosagem de medicação. No laudo pericial, obtido pelo UOL, é indicado que o homem morreu por lesões no corpo e uma mistura de 11 medicamentos psiquiátricos, que teriam provocado uma espécie de overdose na vítima.
Jarmo foi dopado com mistura de remédios chamada de "danoninho". Em conversas obtidas pela polícia, Matheus teria dito que deu "danoninho", um coquetel de remédios psiquiátricos, para o paciente. Em outro áudio, segundo a polícia, o suspeito ainda confessou ter "cobrido no cacete" o homem de 55 anos.
Matheus já havia sido indiciado e segue preso. O homem, que trabalhava como monitor da Clínica Terapêutica Efatá, torturou e matou Jarmo, segundo a polícia. Um registro de outro funcionário flagrou a vítima ferida com os braços amarrados a uma cadeira.
Além de Matheus, a participação de outras pessoas na morte é apurada. Segundo o monitor, outras seis pessoas participaram nas agressões ao dependente químico, incluindo o casal de proprietários da clínica. O UOL tenta contato com a defesa de Cleber, Terezinha e Matheus. Se houver manifestação, o texto será atualizado.
Entenda o caso
Paciente chegou a ser socorrido, mas não resistiu aos ferimentos. A vítima aparece em fotos obtidas pelo UOL com vários hematomas no corpo. Um vídeo também mostra o homem com as mãos amarradas para trás, preso a uma cadeira.
Vítima foi levada por funcionários da clínica ao Pronto-Socorro de Vargem Grande Paulista. No local, a equipe médica declarou o óbito e acionou a polícia. "Eles levaram o rapaz ao pronto-socorro porque, segundo eles, o paciente passou mal durante a manhã. Encontraram ele desacordado no quarto e socorreram ele", explica o delegado.
A Guarda Civil Municipal foi acionada para atender a ocorrência. Segundo informações do boletim de ocorrência, os dois funcionários da comunidade terapêutica que levaram a vítima ao pronto-socorro prestaram depoimento na Delegacia Central de Cotia e contaram que Jarmo teria sido agredido dentro da clínica.
Em depoimento, o suspeito teria confessado, segundo a polícia, que agrediu o paciente, mas disse que foi para contê-lo. "As agressões foram praticadas pelo Matheus, com possível participação de outras pessoas. O Matheus confessou que agrediu o dependente, mas afirmou que foi para contê-lo porque ele estava exaltado e agressivo", diz o delegado à frente da investigação.
Local foi interditado após vistoria da Vigilância Sanitária no mês passado, após a constatação do crime.
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