Áudio da caixa-preta do avião da Voepass: o que já se sabe e falta saber
As investigações sobre a queda do avião da Voepass em Vinhedo (SP) são conduzidas sob sigilo, de acordo com a SSP-SP (Secretaria da Segurança Pública) de São Paulo. No entanto, a TV Globo divulgou, nesta quarta-feira (14), áudios registrados no gravador de voz da aeronave.
O que foi registrado nos áudios do avião da Voepass?
Técnicos do Cenipa (Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos) transcreveram duas horas de áudio. Em um dos diálogos, ao notar que o avião estava perdendo sustentação, o copiloto Humberto de Campos Alencar e Silva perguntou ao piloto, Danilo Santos Romano, o que estava ocorrendo naquele momento.
O copiloto afirmou que era necessário "dar potência" para evitar a queda, de acordo com a emissora. A gravação completa ainda não foi divulgada.
Gritos da tripulação tentando reagir encerraram a gravação. Cerca de um minuto se passou entre a constatação da perda de altitude e o impacto da aeronave com o solo.
Mesmo com os áudios da cabine, ainda não foi possível determinar as causas do acidente com o ATR 72. A hipótese de excesso de gelo nas asas do avião como causa da tragédia ainda não foi confirmada nem descartada.
Barulho das hélices, localizadas próximo à cabine, dificultaram o entendimento de alguns diálogos. Técnicos, no entanto, disseram à reportagem que "não identificaram sons de alerta característicos, como a presença de fogo, falha elétrica ou de pane no motor".
FAB nega vazamento de áudio
Em nota, a Força Aérea Brasileira afirmou que nenhum veículo de imprensa teve acesso ao conteúdo extraído das caixas-pretas. "A FAB, por meio do Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos, assegura que nenhum veículo de imprensa teve acesso aos áudios, transcrições, tampouco aos dados dos gravadores de voo, popularmente conhecidos como caixas-pretas (Cockpit Voice Recorder e Flight Data Recorder) da aeronave", diz o texto divulgado na noite desta quarta-feira (14).
O Cenipa destaca, ainda, que segue estritamente os protocolos específicos estabelecidos pela Lei nº 7.565/1986 (Código Brasileiro de Aeronáutica - CBA), pelo Decreto nº 9.540/2018 e pelo Anexo 13 à Convenção sobre Aviação Civil Internacional, de 1944. Por fim, a FAB reitera seu compromisso com a transparência e a seriedade na condução das investigações, bem como pelo respeito à dor dos familiares das vítimas envolvidas no acidente.
FAB, em nota
Análise dos sons na cabine responderá se alarme de gelo disparou
Os investigadores do acidente com o avião da Voepass estão concentrados nas gravações das conversas e sons da cabine. Armazenados nas caixas-pretas, os registros podem responder se houve alarme de gelo na aeronave. A informação foi confirmada pela FAB (Força Aérea Brasileira) ao UOL.
A aeronave estava equipada com sensores capazes de identificar problemas e ativar um sinal sonoro de alerta. As informações do Cockpit Voice Recorder (gravador de voz da cabine) foram extraídas na íntegra, segundo a FAB, e serão utilizadas para verificar se o alarme foi acionado.
Caso o alarme tenha sido ativado, a reação dos pilotos também ficará registrada. O FDR, sigla para Flight Data Recorder, é a caixa-preta que armazena os dados do voo. Todas essas informações serão incluídas no relatório preliminar da investigação, que será divulgado pela FAB em cerca de um mês.
Exames adicionais estão sendo realizados. Se necessário, os especialistas podem analisar o espectro sonoro do alarme, que é um gráfico das vibrações sonoras — semelhante ao que aparece no celular quando o gravador está ativo.
Os especialistas comparam o espectro armazenado na caixa-preta com o do alarme de gelo. Os técnicos da FAB realizam esse procedimento para garantir que o som corresponde, de fato, ao sinal sonoro indicativo de gelo.
Newsletter
PRA COMEÇAR O DIA
Comece o dia bem informado sobre os fatos mais importantes do momento. Edição diária de segunda a sexta.
Quero receberEm simultâneo, está sendo realizado um estudo minucioso dos diálogos e sons estabelecidos na cabine e com controle do espaço aéreo. Ainda, por meio do CVR (gravador de voz), devem ser identificados os possíveis alarmes sonoros.
Força Aérea Brasileira ao UOL
* Com informações de reportagens publicadas em 13/08/2024 e 14/08/2024.
Deixe seu comentário