Voepass: análise dos sons na cabine responderá se alarme de gelo disparou
Os investigadores do acidente com o avião da Voepass estão concentrados nas gravações das conversas e sons da cabine, armazenados nas caixas-pretas, informou a FAB (Força Aérea Brasileira) ao UOL. A análise dos registros responderá se houve alarme de gelo.
O que aconteceu
A aeronave possuía sensores que identificam o problema e acionam um sinal sonoro. As informações do Cockpit Voice Recorder (gravador de voz da cabine) foram extraídas na íntegra, de acordo com a FAB, e servirão para esclarecer se o alarme foi acionado.
Em caso de ter sido acionado o alarme, a reação dos pilotos também fica nos registros. O FDR é a sigla para a caixa-preta que armazena os dados do voo. O conjunto destas informações constará no relatório preliminar da investigação, que será divulgado pela FAB em cerca de um mês.
Exames extras são feitos. Se julgarem necessário, os especialistas podem analisar o espectro de som do alarme. Trata-se de um gráfico de vibrações sonoras —como o que aparece no celular quando o gravador é ligado.
Os especialistas avaliam se o espectro armazenado na caixa-preta coincide com o do alarme de gelo. Os técnicos da FAB realizam este procedimento para não haver dúvidas de que o som realmente corresponde ao sinal sonoro indicador de gelo.
Em simultâneo, está sendo realizado um estudo minucioso dos diálogos e sons estabelecidos na cabine e com controle do espaço aéreo. Ainda, por meio do CVR (gravador de voz), devem ser identificados os possíveis alarmes sonoros.
Força Aérea Brasileira ao UOL
Reação dos pilotos
Os investigadores também podem descobrir qual foi a reação dos pilotos em caso de alarme de gelo. O ATR-72, avião que caiu na sexta em Vinhedo (SP), possui equipamentos para degelo das asas, explica Fernando Catalano, doutor em engenharia aeronáutica e professor da USP São Carlos.
Ele diz que os pilotos devem acionar o dispositivo de eliminação de gelo em caso de alarme. Se o sinal sonoro continuar, é porque o problema persiste. A operação deve ser repetir por até três vezes e, não havendo resultado, o procedimento é efetuar uma manobra evasiva, ou seja, mudar a direção da aeronave.
Tempo de reação dos pilotos fica armazenado. O professor acrescentou que a cronologia dos alarmes e reações é registrada. Desta forma, é possível saber o tempo que os pilotos levaram para tomar atitudes.
Os investigadores também avaliam os diálogos do comandante e do copiloto. A aviação possui um procedimento chamado de Crew Resource Management (gerenciamento de recursos da cabine). Ele deve ser seguido para os pilotos operarem de acordo com as normas estabelecidas em manual de segurança para situações de emergência.
Perícia revelará se houve pane
A outra caixa-preta, chamada de FDR, grava os dados da cabine e também serve para revelar a reação dos pilotos. Ela vai determinar quais foram os sistemas e medidas acionados pela tripulação diante da emergência.
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Quero receberTambém mede se a aeronave respondeu aos comandos dos pilotos. Defeitos mecânicos podem impedir que uma manobra determinada pelo comandante seja efetivada.
Os dados gravados por esta caixa-preta ainda informam as forças que agiram sobre o ATR. Eles são gravados como dados eletrônicos binários e processados por um software que decodifica o conteúdo - como se fosse a leitura de um CD. Os especialistas do Cenipa (Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos) conseguem transformar estas informações em grandezas físicas como newton (unidade de força), metros por segundo (velocidade) etc.
Investigadores vão conseguir reconstituir os instantes finais do voo. Este trabalho minucioso de investigação é possível porque o Brasil é um dos dois países do hemisfério Sul que possui laboratório capaz de extrair dados das caixas-pretas.
As caixas-pretas estão em análise desde sábado. Os peritos também vão inspecionar os motores, que estão armazenados em São Paulo. O trabalho conta com ajuda de técnicos do Canadá e da França.
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