Perito explica fala de copiloto registrada em caixa-preta da Voepass
Copiloto do avião da VoePass disse que era precisa "dar potência" porque, em um momento de queda durante um voo, a primeira atitude é acelerar, explicou o perito aeronáutico Daniel Kalanzas em participação no UOL News desta quinta-feira (15).
Na quarta-feira (14), a TV Globo divulgou informações registradas no gravador de voz do avião da Voepass antes da queda em Vinhedo (SP).
Houve uma discussão no sentido que eles [os pilotos] estavam inconscientes. Eu parti do ponto que eles estavam conscientes e, se essa gravação realmente for confirmada e verificada pelas autoridades, a gente vai perceber, quando ele grita sobre a potência, ou no caso acelera. Quando o avião está voando em cruzeiro, ou nivelado, ele está voando com uma porcentagem da potência, ele não está voando com potência a 100%. Quando o avião cai, perde altitude repentinamente, a primeira atitude do piloto é acelerar.
Nós temos aí uma linha de investigação muito importante. Será que houve perda da potência dos motores? Muitas pessoas têm trabalhado com a tese prevalente que houve formação de gelo, que pode ser, mas nunca descarto outras possibilidades. É claro que se houve formação de gelo suficiente para fazer com que a aeronave caísse, os pilotos iriam também acelerar a aeronave, isso é fato. O que as autoridades vão investigar é por que houve essa aceleração. Daniel Kalanzas, perito aeronáutico
O especialista explica que, apesar de existir uma fiscalização, a ANAC (Agência Nacional de Aviação Civil) não consegue dar conta de 100% dos voos, pois o volume é muito alto.
Tem que haver uma disciplina consciente para que a segurança esteja nos segmentos dos protocolos previstos. Não sei se a ANAC fiscalizou, mas é uma verdade que a ANAC não tem condições de fiscalizar todos os aviões em todas as situações. Se isso ocorreu, ou não, a investigação vai apontar.
Isso não é uma omissão ou negligência da ANAC, mas diante do contexto nacional do número de aviões que nós temos, operação diárias, manutenção, a fiscalização não vai conseguir dar conta de tudo. Existe uma amostragem, mas ao meu ver é insuficiente para que se consiga 100% do ideal, mas não é o real. Daniel Kalanzas, perito aeronáutico
Além disso, Daniel comenta sobre a probabilidade dos passageiros estarem conscientes no momento da queda e lamenta vazamento da gravação.
Alguns especialistas estão afirmando que as pessoas estavam sem vida antes do impacto com o solo. É uma coisa muito questionável. Eu entendo que nesse caso, as pessoas, tanto quanto os passageiros e a tripulação, estavam conscientes. E acredito também que os pilotos estavam tentando reverter a situação, se configurar que eles estavam conversando entre eles, só afirma minha tese.
É possível que um ou outro passageiro tenha desmaiado ou infartado, eu até acredito, mas com experiência em análise em acidentes anteriores, a probabilidade de que todos estivessem conscientes, é plausível.
Não sei como isso vazou, se tratando de perícia, se tratando de investigação, neste momento, jamais uma gravação deveria estar a público, levando em consideração sentimento da família e da sociedade, vejo com muita tristeza essa divulgação.Daniel Kalanzas, perito aeronáutico
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