'Patroa do PCC': quem é a líder de grupo de novo cangaço gravada com fuzil
Elaine Souza Garcia, a mulher gravada em vídeo com fuzil sob orientação de um CAC (Colecionador, Atirador Desportivo e Caçador) é citada em documento do Ministério Público como uma das lideranças de uma quadrilha especializada em ações de "novo cangaço" ou "domínio de cidades". Ela foi presa preventivamente nesta terça-feira (10) por suspeita de manter conexões com o PCC.
O que aconteceu
Pix para "Elaine Patroa". Investigação conjunta da Polícia Federal e do Ministério Público rastreou transação bancária feita por uma pessoa suspeita de ser uma das operadoras financeiras da quadrilha como sendo mais um indício para indicar a posição de liderança da mulher gravada em treinamento com fuzil na organização criminosa.
Elaine não era apenas a companheira de Delvane Lacerda, um dos líderes do grupo criminoso, mas também exercia papel de destaque e comando na organização (...). Não à toa, era tratada por "Elaine Patroa" (...). E não se tratava de mero apelido. Elaine era informada acerca da movimentação financeira oriunda do tráfico de drogas.
Trecho de documento do MP com denúncia que liga a organização criminosa ao PCC
"Atiradora de elite". Em vídeo anexado à investigação que mostra o treino dado por Otávio Magalhães, que possui registro de CAC, Elaine é elogiada pela precisão ao atirar contra o alvo com um fuzil com mira telescópica em um estande de tiro a céu aberto. "Acertou! Olha a precisão da mulher atirando! Atiradora de elite!", elogia um homem, em áudio captado no vídeo.
Diálogos mencionando assassinatos e envolvimento com o tráfico. Em documento que embasou o pedido de prisão de Elaine e de outros integrantes do grupo, o MP cita conversas de Elaine sobre homicídios e ligação com a venda de drogas.
Elaine foi denunciada por suspeita de participação em crimes como organização criminosa e lavagem de capitais. O UOL não localizou a defesa de Elaine, de Delvane e de Otávio para que se posicionassem sobre o caso.
Como Elaine assumiu chefia do grupo
Elaine assumiu o controle da quadrilha após a prisão de seu companheiro, diz MP. De acordo com a investigação, ela passou a coordenar as ações do grupo após a captura do seu companheiro Delvane Lacerda, o Pantera, preso em maio deste ano.
Anteriormente, o grupo era chefiado pelo irmão de Pantera. Mas Fleques Pereira Lacerda foi assassinado em dezembro de 2023 em uma emboscada em um salão de beleza na cidade de Osasco (SC), dando início a uma série de homicídios em represália à morte dele, segundo indicam investigações. Segundo o MP, Fleques e Pantera foram precursores do PCC no Piauí.
Após a morte de Fleques, Elaine discutiu com Pantera sobre o "espólio" do crime, que incluía armas, munição, dinheiro e veículos. Como resposta à preocupação demonstrada pela companheira, Pantera disse ter recebido um carregamento de uma tonelada de drogas, indicam as investigações.
A divisão por núcleos e a atuação de CACs mostram o nível de sofisticação de uma organização criminosa que atuava em assaltos e com o tráfico de drogas em SP e no Piauí. Eles também estão envolvidos em assassinatos por disputas com outros grupos em retaliação pela morte de Fleques.
Eduardo Velloso Roos, promotor de Justiça do Gaeco
Ligação com criminoso na lista dos mais procurados
Homem é suspeito de fornecer armas à quadrilha, diz investigação. Jakson Oliveira Santos, o Dako, foi preso em uma força-tarefa do MP e da PM em uma casa de luxo em Valinhos (SP), em fevereiro deste ano. Envolvido em ataques para invadir municípios, render as forças de segurança e roubar bancos, ele já foi condenado a cinco anos e três meses de prisão por associação para o tráfico.
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Quero receberOs agentes apreenderam roupa de camuflagem para áreas de mata, luneta, pistola e equipamentos usados em fuzis na casa de luxo onde ele estava. O material é compatível ao usado por quadrilhas especializadas em mega-assaltos, como ações de "domínio de cidades" e "novo cangaço".
Dako é investigado por suspeita de participação em um mega-assalto em Araçatuba (SP), em agosto de 2021. Na ocasião, criminosos armados com fuzis explodiram caixas eletrônicos, usaram reféns como escudos humanos, espalharam explosivos, incendiaram veículos e ainda usaram drones para monitorar a ação. O alvo era uma agência com R$ 90 milhões em cédulas.
Assista ao documentário "Cidade Dominada", do UOL, sobre o plano de roubar R$ 400 milhões de bancos em Araçatuba:
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