Conteúdo publicado há 1 mês

Médico é indiciado por lesões em paciente após lipoaspiração em SC

A Polícia Civil de Santa Catarina indiciou, na segunda-feira (14), um médico por suspeita de lesão corporal gravíssima contra paciente atendida por ele para a realização de procedimentos estéticos.

O que aconteceu

O médico Marcelo Evandro dos Santos, com atuação em Florianópolis, deverá responder por causar queimaduras, bolhas, necrose e perda de tecido na paciente. Os efeitos adversos graves teriam sido provenientes de procedimentos estéticos realizados pelo profissional, segundo informações da Polícia Civil catarinense.

Inquérito foi concluído e remetido ao Ministério Público de Santa Catarina. Agora, caberá à promotoria analisar o caso e decidir se apresenta denúncia contra o médico junto ao Tribunal de Justiça do estado ou se devolve o caso para a polícia reunir mais provas.

Paciente que denunciou o médico por lesão corporal informou que foi submetida a 12 procedimentos estéticos feitos no mesmo dia. A neuropsicopedagoga Letícia Mello explicou em entrevista à NSC TV, afiliada da TV Globo no estado, que passou com o cirurgião em janeiro deste ano para a trocar de próteses de silicone, quando decidiu fazer cirurgia para retirada de gordura (lipoaspiração).

Letícia alega que foi "encantada" pelos vários outros procedimentos. "Ele disse que poderia tirar a flacidez da barriga. Logo em seguida já tocou no meio das minhas pernas, falou que também poderia ser possível tirar essa flacidez que a academia não tira, e que eu tinha uma depressão lateral", declarou.

A paciente teve, no total, sete quilos de gordura retirados e ficou com partes do corpo "queimadas". Ela diz não ter sido avisada sobre os riscos do procedimento. "Meu corpo começou a criar bolhas, começaram a aparecer umas secreções. Eu comecei a ficar totalmente queimada na barriga, nas pernas, nos braços, foi subindo para os seios e eu fiquei 20 dias ali, praticamente necrosando", relatou.

Após a lipoaspiração, ela passou 11 dias internada na Unidade de Terapia Intensiva e mais de dois meses internada na enfermaria. Após deixar o hospital, em abril deste ano, registrou boletim de ocorrência contra Marcelo Evandro. O caso foi concluído pela Polícia Civil de Santa Catarina.

O que diz o inquérito

Ao indiciar o médico, a polícia apontou erros nos procedimentos realizados por Marcelo em Letícia, conforme informou o delegado Ulisses Gabriel. Entre outros, o tempo de 10 horas na mesa de cirurgia foi considerado excessivo, além da quantidade de gordura aspirada do corpo da paciente que foi acima do considerado seguro.

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O prazo para uma cirurgia de caráter estético pode durar um período X e a quantidade de gordura que é retirada da vítima também tem uma quantidade específica. Nesse caso, foi apurado que ocorreu uma passagem do que está prevista pela leitura médica da questão de tempo e da gordura aspirada da vítima.
-- Ulisses Gabriel, delegado da PCSC

Cirurgião já havia sido processado na área civil por outras pacientes. Conforme a polícia, pelo menos sete ações de pedidos de indenização por danos moral foram registradas contra Marcelo nos estados de Santa Catarina e no Paraná.

Quatro vítimas conseguiram vitória na Justiça. Em um caso, Marcelo foi condenado a indenizar a família de uma paciente que morreu após ser submetida a lipoaspiração.

Marcelo Evandro possui registros ativos nos conselhos regionais de medicina de Santa Catarina e do Paraná. Em nota, o Conselho catarinense disse ter instaurado inquérito para apurar a conduta do médico. Entretanto, assim como o Conselho paranaense, alegou que não pode divulgar maiores detalhes.

O UOL não conseguiu localizar a defesa de Marcelo Evandro dos Santos. O espaço segue aberto para manifestação.

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